Gertrudes Luiza
Nomeação no documento
Gertrudes Luiza, mulher do Manoel Joaquim Gonçalves, moradores no bairro de Tremembé
Descrição do documento
Neste requerimento, Gertrudes Luiza contou que seu marido, Manoel Joaquim Gonçalves, foi agredido e preso pelo alferes Francisco de Paula Barbosa. Segundo a suplicante, as pancadas que o alferes mandou dar em seu marido foram motivadas por uma vingança pessoal, em resposta a uma carta que ele lhe havia escrito. Após a agressão, o alferes o prendeu com a justificativa do "extravio" de um cavalo que havia pertencido à sobrinha de Manoel e que ainda não fora pago. Gertrudes pediu, portanto, pela soltura de seu marido "para o amparo da suplicante e seus filhos". Acompanhando o requerimento de Gertrudes, há uma resposta do capitão-comandante, Francisco Antônio de Miranda, ao despacho inserido no canto do primeiro fólio. Francisco confirmou que o casal era pobre e "onerado de filhos pequenos" e informou que Manoel não havia uma "boa conduta", já tendo sido preso anteriormente por "extraviar o alheio".
Morada
Tremembé, Brasil
Estado civil
Casada
Local do documento
São Paulo, Brasil
Ano do documento
1819
Transcrição parcial
Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor,\nDiz Gertrudes Luiza, mulher de Manoel Joaquim Gonçalves, moradores no bairro de Tremembé, que, neste mês passado de setembro, foi à casa da suplicante o alferes Francisco de Paula Barbosa prender ao marido da suplicante. E dando-lhe voz de preso à ordem de Vossa Excelência, logo se sujeitou ao respeitável nome de Vossa Excelência. E só porque o marido da suplicante disse ao dito alferes que queria chegar de passagem por casa de um vizinho para este avisar a suplicante que seu marido tinha vindo preso para esta cidade, lhe mandou o dito alferes dar com um pau por um negro de nome Benedito Pires, soldado de ordenança. E, ao depois de lhe mandar dar, lhe disse que era em pagamento de uma carta que o marido da suplicante lhe escrevera, procurando meios de vingança com o respeitável nome de Vossa Excelência. E, com a cabeça aberta e lavada em sangue, o remeteu preso a esta cidade ao capitão-comandante daquele bairro, Francisco Antônio de Miranda. E, vendo o mesmo capitão o miserável estado do marido da suplicante, o tornou a remeter preso e largá-lo ao pé de sua casa, para que Vossa Excelência não visse o miserável estado a que seu marido estava reduzido. É tanta verdade isto que a suplicada alega que o capitão de milícias do 2º regimento de cavalaria, Francisco Mariano da Cunha, vizinho da suplicante, foi o que por esmola assistiu com remédios para se curar o marido da suplicante. E, ao depois de alguns dias, sarando o marido da suplicante, tornou o dito capitão a mandar buscar preso e o remeteu a Vossa Excelência. E Vossa Excelência foi servido mandá-lo preso para a vila de Santos, aonde se acha trabalhando em galés. Senhor Excelentíssimo, a prisão foi causada de um requerimento que uma sobrinha do marido da suplicante fez a Vossa Excelência, dizendo que lhe extraviara um cavalo. E o capitão-comandante, só por informação de um soldado dos [**] de nome Aleixo da Cruz, inimigo do marido da suplicante, fez certo na respeitável presença de Vossa Excelência o dito extravio. E, como a suplicante tem no paternal amparo de Vossa Excelência o remédio de suas aflições, por isso pede a Vossa Excelência por piedade e esmola queira mandar soltar o marido da suplicante para o amparo da suplicante e seus filhos. Espera receber mercê.\nInforme o capitão Francisco Antônio de Miranda sobre a conduta do suplicante. São Paulo, 3 de novembro de 1819.\nIlustríssimo e Excelentíssimo Senhor, Em cumprimento do respeitável despacho de Vossa Excelência proferido no requerimento da suplicante, informo a Vossa Excelência que o marido da mesma suplicante não tem mostrado boa conduta, por já ter sido preso pela Justiça por extraviar o alheio. E, perante mim, ficou convencido e obrigado a pagar um cavalo pertencente a Gertrudes Maria, sua sobrinha, o que não cumpriu. É certo que a suplicante e seu dito marido são pobres e onerados de filhos pequenos.
Autoria da transcrição
Priscila Starline Estrela Tuy Batista; Elisa Hardt Leitão Motta
Condição de acesso ao documento primário
Documento fotografado e editado filologicamente
Descrição material do documento
O documento apresenta dois fólios escritos apenas no recto. Na margem superior direita do recto do primeiro fólio, há o código de identificação "93-4-6" escrito em grafite cinza. O requerimento de Gertrudes não está datado, porém o despacho da autoridade destinatária incluído no canto esquerdo superior do recto do primeiro fólio consta como sendo de 3 de novembro de 1819. Já a resposta do capitão-comandante, incluída no recto do segundo fólio, data de 4 de novembro de 1819.
Tipo de documento
Requerimento
Autoria do documento
Secretaria de Governo da Capitania de São Paulo (SeGovSP)
Datação cronológica
{03/11/1819}
Arquivo
Arquivo Público do Estado de São Paulo (APESP)
Indexador na fonte
Fundo BR SPAPESP SEGOVC, Grupo 1G3 - Justiça, Petições. Pasta 1.1.614, Documento 93-4-6
Número de documentos
1
Perfil documental
Autora indireta
Detalhamento do perfil
Autora indireta de requerimento pedindo a soltura de seu marido
Grafia conservadora do nome
Gestrudes Luiza
Forma conservadora dos locais mencionados no documento
S. Paulo
Catalogado por
Aline Yone Nunes Marques da Silva; Priscila Starline Estrela Tuy Batista; Elisa Hardt Leitão Motta
Código
[0097]
Há uma menção à Gertrudes Maria, sobrinha do marido de Gertrudes Luiza.
http://map.prp.usp.br/Cat/0097.jpg
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