Conjunto documental 1.1.614/93-4-6
Edição modernizada


"GL_01" (author: Desconhecido, Desconhecido) [ extensão: full, 466 palavras ]

Documento peticionário movido por Gertrudes Luiza

Informe o capitão Francisco
Antônio de Miranda
sobre a conduta do suplicante.
São Paulo, 3 de novembro, 1819.
[*]

Ilustríssimo e excelentíssimo senhor,
Diz Gertrudes Luiza, mulher de Manoel Joaquim Gonçalves, moradores no
bairo de Tremembé,
que neste mês passado de setembro foi à casa da suplicante
o alferes Francisco de Paula Barbosa prender ao marido da suplicante
e, dando-lhe
a voz de preso à ordem de Vossa Excelência, logo se sujeitou ao respeitável nome
de Vossa Excelência. E só porque o marido da suplicante disse ao dito alferes que queria chegar
de passagem por casa de um vizinho para este avisar a suplicante que seu
marido tinha vindo preso para esta cidade, lhe mandou o dito alferes dar
com um pau por um negro de nome Benedito Pires, soldado de ordenança,
e ao depois de lhe mandar dar lhe disse que era em pagamento de uma carta
que o marido da suplicante lhe escrevera, procurando meios de vingança
com o respeitável nome de Vila Excelência. E com a cabeça aberta e lavada
em sangue o remeteu preso a esta cidade ao capitão comandante daquele
bairro, Francisco Antônio de Miranda, e vendo o mesmo capitão o miserável
estado do marido da suplicante o tornou a remeter preso e largá-lo ao pé
de sua casa para que Vossa Excelência não visse o miserável estado a que seu
marido estava reduzido. É tanta verdade isto que a suplicante alega que
o capitão de milícias do regimento de cavalaria, Francisco Mariano da Cunha,
vizinho da suplicante, foi o que por esmola assistiu com remédios para socorrer
o marido da suplicante. E ao depois de alguns dias, sarando o marido da
suplicante, tornou o dito capitão a mandar buscar preso e o remeteu a Vossa Excelência e
Vossa Excelência foi servido mandá-lo preso para a vila de Santos aonde se
acha trabalhando em Galés. Senhor Excelentíssimo, a prisão foi causada
de um requerimento que uma sobrinha do marido da suplicante fez a Vossa Excelência
dizendo que lhe extraviara um cavalo, e o capitão comandante só pr. informação
de um soldado dos úteis de nome Aleixo da Cruz, inimigo
do marido da suplicante, fez certo na respeitável presença de Vossa Excelência o dito
extravio.
E como a suplicante tem no paternal amparo de Vossa Excelência o remédio
de suas aflições.
Por isso,
Pede a Vossa Excelência por piedade e esmola queira mandar
soltar ao marido da suplicante para
o amparo da suplicante e seus filhos.
Espera receber mercê.


Missiva escrita por Francisco Antônio de Miranda

Ilustríssimo e excelentíssimo senhor, Em cumprimento do respeitável despacho de Vossa Excelência
proferido no requerimento da suplicante,
informo a Vossa Excelência
que o marido da mesma suplicante não tem mostrado boa conduta,
por já ter sido preso pela justiça por extraviar o
alheio. E perante mim ficou convencido e obrigado a pagar
um cavalo pertencente a Gertrudes Maria, sua sobrinha,
o que não cumpriu. É certo que a suplicante e seu
dito marido são pobres e onerados de filhos pequenos,
à
vista do que, Vossa Excelência mandará o que for servido.
Bairro de Santa Ana, 4 de novembro de 1819.
Francisco Antônio de Miranda,
Capitão.