Maria Pinheira
Referência bibliográfica
Tribunal do Santo Ofício (TSO). Processo inquisitorial. Salvador, Brasil, 1592. Arquivo Nacional da Torre do Tombo (ANTT) - Inquisição de Lisboa, PT/TT/TSO-IL/028/10753.
Disponível em:: http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2310930.
Nomeação no documento
Maria Pinheira, mulher de João d'Aguiar, lavrador
Descrição do documento
Maria Pinheira foi acusada, junto com mais três amigas e vizinhas (duas das quais têm seus depoimentos registrados no documento), de cometer um "pecado herético" por terem comido sem necessidade — salvo uma delas que “estava parida e sangrada” e outra que estava “prenha secretamente” — a carne de um tatu do mato em um dia proibido. Ao final, foram-lhe impostas apenas penitências como jejuns, comunhão e confissão, pois, segundo os autores do documento, “a ré veio no tempo da graça e fez boa confissão e foi um só ato de comer carne sem necessidade em dia proibido”.
Naturalidade
Salvador, Brasil
Termos de caracterização social usados no documento
cristã-velha
Local do documento
Salvador, Brasil
Transcrição parcial
Confissão de Maria Pinheira\nAos seis dias do mês de fevereiro de mil e quinhentos e noventa e dois anos, nesta cidade do Salvador, Bahia de Todos os Santos, nas casas da morada do senhor visitador do Santo Ofício Heitor Furtado de Mendonça, perante ele apareceu sem ser chamada, dentro no tempo da graça, Maria Pinheira e por querer confessar sua culpa recebeu juramento dos Santos Evangelhos, em que pôs sua mão direita, sob cargo do qual prometeu dizer verdade. E disse ser cristã-velha, segundo lhe parece, natural desta cidade, filha de João Pinheiro, lavrador e de sua mulher, Isabel Dias, defuntos, de idade de trinta e oito anos, casada com João d'Aguiar, lavrador, moradora em Itaparica. E, confessando-se, disse que haveria dois ou três anos, não lhe lembra o certo, que em casa de Gaspar Nunes, tido por cristão-novo em Itaparica, estando juntas Ana d’Alveloa, sua mulher, e Maria Nunes, viúva casada ora com Gonçalo Gonçalves, pescador, e Guiomar Piçarra, casada com Manoel Lopes, todas vizinhas e amigas, mandou vir para merendar a dita Ana d’Alveloa um tatu, que é uma caça do mato, assado de moquém, sendo sábado ou sexta-feira. E todas quatro o comeram sem terem necessidade de comer carne, salvo a dicta Ana d’Alveloa, que estava parida e sangrada. E ouviu dizer que a dita viúva Maria Nunes estava prenha secretamente, sabendo todas que não era dia de carne e dizendo ela confessante que era velhacaria comê-la em tal dia. E disse que da dita culpa pede misericórdia, e, sendo perguntada disse que todas estavam em seu siso e sabiam o que faziam, e que as não viu outrem que lhe lembre. E do costume nada mais prometeu segredo e o seu rogo assinei com o senhor visitador. Manoel Francisco, notário do Santo Ofício nesta visitação, o escrevi. Heitor Furtado de Mendonça Manoel Francisco
Autoria da transcrição
Natalia Zacchi. Beatriz de Freitas Cardenete; Elisa Hardt Leitão Motta; Maria Clara Ramos Morales Crespo; Mariana Lourenço Sturzeneker; Vanessa Martins do Monte
Condição de acesso ao documento primário
Documento acessível, digitalizado e editado filologicamente de forma parcial
Descrição material do documento
Descrição feita a partir de documento digitalizado. O processo apresenta 14 fólios escritos, em sua maioria, no recto e no verso, em papel. No recto de todos os fólios, no canto superior direito, há inscrições em grafite cinza com o número de cada fólio. No recto do primeiro fólio há o código do processo no arquivo escrito em grafite cinza: N10,753. Nos fólios 1r, 5r, 9r, 10r e 11r há um carimbo em tinta preta no qual é possível identificar a letra "T" envolta por um quadrado e, logo abaixo, os seguintes dizeres: "Torre do Tombo". No verso do 1º fólio há uma marca d’água em que se vê uma cruz inscrita no interior de uma forma ovalada, que se assemelha a uma gota invertida.
Tipo de documento
Processo inquisitorial
Autoria do documento
Tribunal do Santo Ofício (TSO)
Datação cronológica
06/02/1592 a 13/03/1593
Arquivo
Arquivo Nacional da Torre do Tombo (ANTT)
Indexador na fonte
Inquisição de Lisboa, PT/TT/TSO-IL/028/10753
URL da fonte
http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2310930
Perfil documental
Nomeada em documento primário
Detalhamento do perfil
Nomeada em processo inquisitorial acusada de comer carne em um dia proibido
Chave de pesquisa
heresia
Grafia conservadora do nome
marja pjnheira
Catalogado por
Tais Estéfanie Pacheco Ferreira. Natalia Zacchi
Maria Nunes e Ana d’Alveloa são nomeadas no processo. Quanto ao sobrenome “Alveloa”, encontramos várias possibilidades de modernização, como “Alvela”, “Alvéloa”, “Alvéola”, “Alvélua”
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