 |
𝑀aria𝒫inheira 1 27 𝒩10,753
proçeſso ꝺe marja pinhejra |
|
 |
_ |
|
 |
Conʄiſsaõ de marja pinhejra 𝒜os ſeis djas domes de ʄeuerejro de mjl equjnhentos ε nouenta ε dous annos nesta cjdade dosal uador bahia de todos os ſanctos nas casas da moraꝺa dosor ujsitador do ſancto oʄʄjo. hejtor ʄurtado de mendoça perante elle pareçeo ſen ſer chamaꝺa dentro no tempo da graça 𝑀arja pi nhejra epor querer conʄeſsar ſua culpa reçebeo Juramento dos ſanctos εuangelhos εm que pos ſua maõ de rejta ſob cargo do qual prometeo diȥer uerdade εdjxe ſer cristaã uelha ſegundo lhe pareçe natural desta cjdadε ʄilha de Joam pinhejro la ʋrador e de ſua molher Jsabel djaȥ deʄuntos, de ydade de trjnta eoj to annos |
|
 |
to annos casada com Joam ꝺagujar lauraꝺor moradora εm taparjca et conʄeſsandoſse djxe que auera dous ou tres annos naõ lhe lembra o certo que εn casa de gaspar nu- neȥ tido por cristaõ nouo εm tapa rjca estando Juntas 𝒜nna d al ueloa ſua molher et 𝑀arja nuneȥ ʋe- uua casada ora com gco gllȥ pescador ε gujmar pisçarra casada com ma noel lopeȥ todas ʋeȥinhas et amjgas mandou ujr pera merendar a djcta 𝒜na dalueloa hum tatu que he huã caça domato aſado de moquem ſen do ſabbado ou ſesta ʄejra e todas quatro o comeraõ ſem terem neçeſsidadε de comer carne ſaluo a djcta 𝒜nna dalueloa que estaua parjda e ſan grada |
|
 |
3 grada et ouujo djȥer que a djcta ʋeuua 𝑀arja nuneȥ estaua prenhe ſecreta mente, ſabendo todas que naõ εra dja de carnε ε djȥendoella conʄeſsante que era ʋelhacarja come lla en tal dja ε djxe que da djtta culpa pede misirjcordja eſendo perguntaꝺa djxe que todas εstauaõ em ſeusiso eſabiam o que ʄaȥiam, e que as naõ ujo outrẽ que lhe lembre εdo costume nada mais prometeo ſegredo eaſeu rogo aſignej cõ osor ʋisitador 𝑀a noel ʄrco 𝒩otro dosto oʄʄjo. nesta ujsita- çaõ o escreuj ~ hejtor ʄurtaꝺo de mendoça ~ 𝑀anoelʄrco ~ Traslado da conʄiſsam de gujmar piscarra x.ua. no tpõ do recõcauo ~ 𝒜os ſeis djas ꝺo mes de ʄeuerejro de mjl e qujnhentos e nouenta e dous annos |
|
 |
annos nesta cjdade ꝺosaluaꝺor bahia ꝺe toꝺos os ſanctos nas casas da moraꝺa dosor ujsitaꝺor ꝺo ſancto oʄʄjcjo hejtor ʄurtaꝺo de mẽ doça perante elle pareçeo ſen ſer chamaꝺa dentro no tempo da gra ça gujmar piscarra epor querer conʄeſsar ſua culpa recebeo Jura mento ꝺos ſanctos εuangelhos εn que pos ſua maõ derejta ſob cargo do qual prometeo djȥer uerꝺaꝺe ε djxe ſer cristaã uelha natural de moura εm portugual, ʄilha de bel chior piscarra, e de ſua molher ma rja roiȥ Ja deʄuntos casada com 𝑀anoel lopeȥ laurador de ydade de trjnta e ojto annos moradora εmtaparjca ε conʄeſsandoſse djxe que ſendo moça dedoȥe ou treȥe |
|
 |
4 treȥe annos eſtando moraꝺora no rjo uermelho εn casa de 𝒜ntaõ roiȥ belmeche estaua ay das portas adentro tambem huã negra de gujne ladjna per nome mecja alcorcobada que entaõ ſerja de ydade de deȥojto annos ε chegaraõ ambas a tam deshonesta amjȥade que duas ou tres ueȥes εm djʄʄe rentes djas ſe aJuntaraõ ambas empe huã com aoutra com as ʄraldas aʄastadas abracando ſe e combjnando aJuntando ſuas naturas eʋasos djantejros hum com o outro ε aſsim ſe delejtauaõ como homẽ com molher porem naõ ſe alembra nem ſe aʄʄirmaſe ella conʄeſsante comprio alguã das djttas ueȥes como costuma comprir a molher |
|
 |
a molher com omarjdo djgo com ho homẽ nẽ ſabe ſe a djcta mecja comprjo conʄeſsou mais que auera cjnquo ou ſeis me ſes que hum dja a merenda estando εlla εn casa de gaspar nuneȥ laura dor Juntamente com marja pinhejra molher de Joam dagujar, ε marja nu- R neȥ molher de gco gllȥ laurador epesca dor, ε 𝒜na dalueloa molher do djtto gaspar nuneȥ todas amjgas mora doras eʋeȥinhas εm taparjca ſendo ſab- bado a djcta 𝒜na dalueloa mandou ujr a merenda hum tatu, que he caça do mato de carne coȥido e todas ellas quatro comeraõ da djcta carne no djtto ſabbado a merenda sabendo ſer ſabbado et ella conʄeſsantε ſentiaſse mal desposta εdjxe as outras que aquelle dja era ſabado que naõ podjã comer |
|
 |
5 comer carne e que ella pordoentε a comerja et contuꝺo todas quatro a comeraõ ſen ter neceſsidade nem desculpa e das djttas culpas djxe que pede perdaõ e que esta mujto arependjda e que Ja as comʄeſsou a ſeus conʄeſsores e ʄoj logo pergunta da pello sor ujsitaꝺor ſe sabja ella que o djtto aJuntamento carnal εntre molheres he ſodomja eque come carne nos djas prohebjdos he culpa here tical respondeo que naõ ſabja que eraõ ſenaõ peccados mortais de grande oʄʄensa de deos e ſendo mais perguntaꝺa djxe que a djtta 𝒜na dalueloa he mamaluca e que adjcta mecja he ora casada com hum negro alʄajatε dos pa dres |
|
 |
dres do collejo et ella tambem he alʄajata moradora nesta cjdade ε do cos tume djxe nada mas que he amjga de todas eprometeo ter ſegredo e ʄoj lhe mandado tornar aesta mesa no mes ꝺe majo epor naõ ſaber aſig- nar εu 𝒩otro a ſeu rogo aſignej cõ osor ujsitador 𝑀anoelʄrco 𝒩otro do sto oʄʄjo. nesta ujsitaçaõ o escreuj~ hejtor ʄurtaꝺo de mendoça~ 𝑀elʄrco |
|
 |
Traslaꝺo da prjmra ſeſsaõ de m nu[.] 𝒜os ſete djas ꝺo mes ꝺe ojtubro de mjl e qujnhentos et nouenta ε dous annos nesta cjdaꝺe dosaluadꝺor capitanja da bahia de todos os ſanctos nas casas da moraꝺa dosor ujsitaꝺor do sto oʄʄjo. hejtor ʄurtaꝺo de mendoça perante elle mandou ujr cjtada a marja nu neȥ molher de gco gllȥ a qual recebeo Ju ramento ꝺos ſanctos εuangelhos εm que pos ſua maõ derejta ſob cargo do qual prometeo djȥer εn tuꝺo uer dade εdjxe que ho padre marcal roiȥ ʋigro de peroabſu lhe notiʄʄicou da parte delle ſor oje ʄaȥ noue djas que apareçeſse nesta mesa pello que ella uem obedeçer et logo ʄoj perguntaꝺa pello sor ujsitaꝺor ſe sabe o peraqu[ e ] he chamaꝺa respondeo que naõ [ e ] que t[ e ] m |
|
 |
tem cujdado εm si epaſsado pella memorja e naõ ſentε εm ſi culpa per tençente aesta mesa eʄoj logo per guntaꝺa ſeſabe ou ouujo alguem que comeſse carne em djas prohebjdos respondeo que agora lhe lembra que he uerdade que de tres annos aesta partε ella tem comjdo alguns cjnquo ou ſeis djas de ſestas ʄejras e ſabbados ſem ter liçença carne, e que alguas tres ou quatro ueȥes a comeo andã do ella prenhe deſeJando o com aem prenhidaõ porem que alguns dous ou tres djas das djttas ſestas ʄejras ou ſabbaꝺos comeo a djtta carne naõ ſendo prenhe et estando ſam ſem li çença eſem neceſsidade eque desta culpa pede perdaõ et mja epergun tada mais djxe que quando ella comja a djcta |
|
 |
7 a djcta carne nos djttos djas ꝺeʄeſsos ſem neçeſsidade bem ſabia ella que peccaua mas naõ ſabja ella que eſse peccado pertencja aesta mesa eque as djttas ueȥes que comeo carne ſem pre ʄoj com companhia .ſ. alguas ue ȥes cõ 𝒜na alueloa molher de gaspar nuneȥ barreto ſua ueȥinha, et alguas ʋeȥes tambem com mais gujmar piscar ra 𝑀olher de manoel lopeȥ pescador e com marja pinhejra molher de Joam dagujar, lauraꝺor que εraõ ſuas ʋeȥinhas no tempo que ella morou εm taparjca na ʄaȥenda do djtto gas par nuneȥ onde lhe aella aconteçeraõ estes caſos de comer a djcta carne a qual carne era do mato, tatu, oupaca, ou cagado eperguntaꝺa mais djxe que alguas ueȥes a djcta gujmar pis cara lhes deȥia que era malʄejt[ o ] com[ e ] r |
|
 |
comer εm os tais djas a djcta carne porem naõ dejxauaõ de acomer eaſsim tambem a mesma gujmar piscara e que ſempre as djttas molheres quando co mjam a djcta carne com ella nos r djttos djas estauaõ ſaas eſem ne ceſsidade de a comer ſaluo a djcta 𝒜nna dalueloa mamaluca a quallhe pareçe que acomja cõ neçeſsidade porque tinha huã enʄermjdade que areueſaua ſangue pella boca e ʄoj logo amoestada pello sor ujsitaꝺor com mujta charjdade que ella acabe de ʄaȥer comʄiſsaõ Jntra εuerꝺaꝺejra de todas ſuas culpas pertencentes aesta mesa porque lhe aproueitara mujto pera descargo de sua concjen cja epera ſeu bom ꝺespacho eque en tenda que todas ſabjdas nesta mesa e por ellaʄoj respondjdo que tem ʄejto deligencja |
|
 |
8 deljgencja cõ ſua concjencja eque naõ acha mais que ꝺiȥer ꝺoque ꝺitto tem e ʄoj perguntaꝺa pello costume acerca das nomeadas que comeraõ com ella a djcta carne edjxe naꝺa epor naõ ſaber aſignar εu notro aſeu rogo aſi nej cõ osor ujsitaꝺor 𝑀anoelʄrco 𝒩o tro dosto oʄʄjo nesta ujsitaçaõ o escreuj hejtor ʄurtado de mendoça 𝑀anoelʄrco Translaꝺo ꝺa ſegunꝺa ſeʄsaõ de 𝑀arja nuneȥ ~ 𝒜os ojto djas ꝺo mes de ojtubro ꝺe mil equjnhentos e nouenta edous annos nesta cjꝺaꝺe ꝺoſaluaꝺor nas casas ꝺa moraꝺa ꝺosor uj sitaꝺor ꝺosto oʄʄjo. hejtor ʄurtaꝺo de mendoça perante elle pareçeo ſẽdo chamada marja nuneȥ Ree conteuda nestes autos a qual reçebeo J[.]ra m[.]nto |
|
 |
mento dos ſanctos εuangelhos ſob cargo do qual prometeo djȥer uerꝺa de εn tudo elogo ʄoj amoestaꝺa pello sor ujsitaꝺor com mujta charjda de que ella acabe de ʄaȥer comʄiſsaõ Jntejra ε uerdadejra proque lhe apro uejtara mujto pera descargo de ſua concjencja epera ſeu bom ꝺespacho epor ella ʄoj respondjdo que ella tem desεncarregaꝺo ſua concjen çja eque naõ tem mais que conʄeſsar do que djtto tem nestes autos e ʄoj logo perguntaꝺa quantas ueȥes comeraõ cõ ella carn nos djas prohebjdos as djttas gujmar piscara ε marja pi nhejra ε 𝒜na dalueloa respondeo que ella ſe aʄʄjrma de huã ueȥ e que naõ ſe aʄʄirma dehuã ueȥ e que naõ ſe aʄʄjrma ſe ʄoraõ mais ʋeȥes que huã |
|
 |
9 que huã epor naõ djȥer mais ʄoj perguntaꝺa por ſua genelosia etc 𝑀anoelʄrco 𝒩otro ꝺosto oʄʄjcjo nesta ujsitaçaõ o escreuj 𝒜s quais ſeſsois εu 𝑀anoelʄrco tras ladej das proprjas bem eʄielmte εas conçertej cõ osor ujsitaꝺor epor concordarem de ʋerbo ad uerbum aſignamos aquj ambos 𝑀anoelʄrco 𝒩otro ꝺosto oʄʄjcjo nesta ujsitaçaõ o escreuj ~ 𝑀endoça 𝑀anoelʄrco ~ |
|
 |
_ |
|
 |
[ ] ſeſsaõ 𝒜os deȥ djas do mes ꝺe nouembro de mjl εqujnhentos ε nouenta ε dous annos nesta cjdade do ſaluador capitanja ꝺa bahia ꝺe todos os ſanctos nas casas da morada dosor ujsitador dosto oʄʄjo. hejtorʄurtaꝺo ꝺe mendoça peran te ſsi mandou ujr a marja penhejra Ree conteuda nestes autos a qual Reçebeo Juramento ꝺos ſanctos euangelhos εm que pos ſua maõ de rejta ſob cargo do qual prometeo djȥer uerdadε e ʄoj logo amoesta da pellosor ujsitador q ella aca be de ʄaȥer comʄiſsam Jntra ε uer dadejra detodas ſuas culpas por que lhe aprouejtara mujto pera descargo de ſua concjencja e ſeu bõ despacho e por ella ʄoj djtto que ell[ ] tem djtto a uerꝺaꝺe ε naꝺa ma[ ] lh[ ] [ ] em |
|
 |
lhe lembra perguntaꝺa quantas ueȥes comeo carne ſem licença e sem neçeſsidadε, respondeo que ſoo huã ueȥ com 𝒜na alueloa, 𝑀a rja nuneȥ, e gujmar piſsarra, como Ja tem comʄeſsaꝺo, perguntaꝺa ſe ſabia ella que era culpa heretical Respondeo que ſabja que era grã de oʄʄenſa de deos perguntaꝺa quem mais as ujo, respondeo que njnguem que aella lhe lembre, e ʄoj lhe 𝑀andado ter [ſ]egredo e aſig e que tor naſse despois da menhaã aesta meſa epor naõ ſaber aſignar a ſeu rogo aſinej por ella cõ osor ujsitaꝺor 𝑀anoelʄrco 𝒩otro dosto oʄʄjo nesta uj sitaçaõ o escreuj ~ 𝑀anoelʄrco 𝑀endoça |
|
 |
[ ] [.]eſsaõ 𝒜os honȥe djas do mes ꝺe nouembro de mjl e qujnhentos e nouenta e dous annos annos nesta cjdade ꝺe ſaluador capitanja da bahia ꝺe todos os ſanctos nas casas ꝺa moraꝺa do sor ujsitaꝺor ꝺosto oʄʄjo hejtor ʄurtado de mendoça perante elle 𝑀andou ʋir a 𝑀arja pinhejra Ree contεuꝺa nestes autos a qual reçebeo Juramento ꝺos stos. εuange lhos εm que pos ſua maõ ꝺerejta ſob cargo ꝺo qual prometeo djȥer εn tuꝺo ʋerꝺade ε [dj]ʄoj tornada amoestar que declare a uerdade de ſuas culpas que lhe aprouej tara mujto pera descargo de ſua concjencja e bom despacho epor djȥer que naõ tem mais que ꝺiȥe[ ] e que tem djtto a uerꝺaꝺe ʄo[ ] per gunta |
|
 |
guntaꝺa pella doutrjna cris djgo per ſua genelosia, diſse q naõ conhe çeo auoos nẽ tios, e tem hua mea Jr maã nos Jlheos tambem chamaꝺa marja pjnhejra casada com 𝒜nto gllȥ lauraꝺor tem ʄilhos e ʄilhas εm ſeu poder hum ʄilho εduas ʄilhas et perguntaꝺa pella doutrjna cristaã benȥeoſse epersignouſe et edjxeque ſa bia padre noso, que marja, credo, man damentos da lej de deos e mais naõ et εmʄim pedjo despacho cõ mia epornaõ ſ[a]ber aſignar εu notro a ſeu rogo aſignej cõ osor ujsitador 𝑀anoelʄrco 𝒩otro ꝺo sancto oʄʄjo. nes ta ujsitaçaõ o escreuj 𝑀anoelʄrco 𝑀endoça |
|
 |
12 εʄejtas as djttas auꝺiencjas logo pello sor ujsitaꝺor meʄoj manꝺaꝺo ʄaȥer estes autos conclusos os quais logo ʄiȥ 𝑀anoel ʄrco 𝒩otro do sto oʄʄjo. nesta ʋisitaçaõ o escreuj clo ʄoraõ𝒱istos εſtes 𝒜utos neſta 𝑀esa, ε 𝒱to como a Re. 𝒱eeo no tempo da graça εʄeȥ boa cõʄiſsaõ εʄoj hũ ſo acto de comer carne sem neceſsidade εm dia prohibido. Pareçeo atodos os 𝒱otos qſeja Reprehendida neſta 𝑀esa εlhe ſejã impoſtas poenitentias εſpirituais de jejũs ε qſe cõʄeſse ε comũge etc. 𝔅aja 13. de marco 1593. Hejtor ʄurtado de mendoça ʄernaoCardim † Lionardo Arminio † Marcos da Costa ʄr Mancio da† Joaoperera ʄr DamiaõCordeiro |
|
 |
_ |
|
 |
13 |
|
 |
_ |
|
 |
14 |
|
 |
ꝺa rasa 140 ꝺe termos 124 ꝺas testos 120 ꝺe ſseſois 28 ꝺa ꝺeʄenitiua 18 ꝺa ſentença 116 ꝺa conta 40 ſoma esta cõta qujnhẽtos e ojtẽ 586 ta e ſeis res
[**] |