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Processo de Catarina Fernandes
1591


Edição digital feita por
Andréa Natanael da Silva



"text_1[sem título]" (author: , ) [ extensão: full, 1955 palavras ]

1

CnaFrz

Baya

9

No 1288

proçeſso de caterjna frez cristaã
velha ~


_


2

Confiſsaõ de cna frez x ua no tpo dagraça

Aos noue djas do mes de agosto de mjl e
qujnhentos e nouenta ehum annos neſta
cjdade dosaluador capitanjadabahia
de todos os ſanctos, nas casas da mora
da dosor visitador hejtor furtado de men
doça perante elle pareçeo ſem ſer c[ h ] a
mada caterjna frez eporquerer comfeſ
sar ſu[ a ] culpa nesta mesalhe foj dado Ju-
ramento dos sanctos euangelhos en que
pos ſua maõ derejta ſob cargo do qual
prometeo djzer en tudo uerdade, e djxe
ſer cristam uelha, natural de estremoz
que ueo aesta cjdade de gradada por,
cjnquo annos por ſer culpada na mor
te de hum homẽ a quem matou o paj de huã
ſua filha eſer filha de pero madejra frez
almocreue e de ſua molher marja lopez
defunta casada com gaspar roiz homẽ

do mar


do mar marjnhejro, costurejra morado
ra no monte caluarjo Junto desta cjdade
de ydade de trjnta annos et confeſsando
ſe djxe que auera anno emeo que en dja
de noſsa ſora da cõçepçejçaõ pella menhaã
morando ella empiraja destacapita
nja ſe confeſsou ao capellaõ do engenho
da cjdade pantalljam gllz edelle reçebeo
oſanctiſsimo ſacramento edespois Jndo
pera ſua casa lhe lembrou ſeu marjdo
que ella antes de hir pera aJgrejatinha
comjdo huã talhada em ananas, et ella
vendo tambem as cascas no chaõ lhe lembrou
entaõ que tinha comjdo huã talhada de
ananas antes de hir cõmungar, entaõ
teue grande arependjmento, eſe tornou
a confeſsar a hum padre da companhia
o qual lhe deu em penjtencja quetrouxe

ſse hũ


3

ſse hum celicjo qujnze djas et rezaſe
cjnquo uezes o rosajro e outras tantas
a coroa de noſsa sora, eJeiuaſsetres ſab
bados apam eagoa a qual penjtencja
ella comprio, e que ora pedja mia nesta
mesa comforme aeste tempo degraça
e por naõ djzer mais foj perguntada
pellosor ujsitador ſe cree que nosacra
mento da eucharestia consagrada
aostia esta o uerdadejro corpo de xpõ
noſso sor eque aJgreja sancta condena
por herejes os que o negam eſe quãdo
tomou osanctiſsimo ſacramento tendo
comjdo ſabia que estaua nelle o corpo
de xpõ noſsosor, ou se duujdou djſso, e res
pondeo que ella cree que no ſacramento
da eucharestia esta o uerdadejro cor
po de xpõ e que tem por hereje quem ho

negar


negar e que quando ella o reçebeo naõ
duujdou nada mas antes o reçebeo
pera ſaluacaõ de ſua alma e ſendo
mais per guntada, respondeo que
quando ſe comfeſsou et cõ mungou no
djtto dja de noſsa ſenhora naõ lhe lem
brou que tinha comjdo, e q naõ tinha
comjdo mais que huã talhada de Ananas
eque com a collera e agastamento que
leuaua contra ſeu marjdo com quem
pellejara lhe naõ alembrou, e que nun-
ca, esteue em terra de luteranos nẽ
tratou cõ elles e que sabia mujto bem
que se ha de cõmungar em JeJum e q
a iſso estaua obrjgada eque estapres
tes pera reçeber penjtencja efoj lhe
mandado ter segredo pello Jura
mento que reçebeo e aſinej cõ osor

visitador


4

visitador Manoelfrco notro dosto offjo.
nesta visitaçaõ o escreuj ~ hejtor fur
tado de mendoça ~ Man[ o ] elfrco ~

Traslado de huã ſeſsaõ de leonar
do.
x.uo. ſoltro ~

Aos ujnte e tres djas do mes de ojtubro
de mjl e qujnhentos e nouenta edous
annos nesta cjdade dosaluadorba
hia de todos os ſanctos nas casas
da morada do sor ujsitador dosto
offjcjo hejtor furtado de mendoça
perante elle pareçeo ſendo chama
do leonardo et Recebeo Juramento
dos sanctos euangelhos ſob cargo do
qual prometeo djzer en tudo uerda
de, edjſse ſer cristaõ uelho natural
da cjdade delixboa filho de gaspar roiz
marjnhejro edesua molher bran<ca>, le

onarda


ornada defunta morador acquu em
casa de belchior da costa na fregue
sia de ceregipe et antes de morar cõ
elle morou com gco afonso na mesma
freguesia ſeu criado de ſoldada de
ydade de ujnte e tres annos pouco
mais ou menos porquanto djz que
ouujo dizer a ſeu paj que elle que nasçeo
em lixboa no tempo da prjmejrapeste
grande da era de ſesenta e noue mas
elle em si he afemjnado e ſem nenhuã
moſtra de barba, e diz que he ſete mesinho
e he ſoltro e reçebeo Juramento dos stos.
euangelhos ſob cargo do qual prome
teo djzer en tudo uerdade efoj per
guntado pello sor ujsitador se sabe
elle ou ſospejta o pera que he chamado
aesta mesa, respondeo que lhe pare

çeq


5

çe que ſera por hum caſso de ſua madrasta
caterjna frez moradora que foj em monte
caluarjo e ora he moradora nesta cjda
de Junto de noſsa sora da Judacasada
com o djtto ſeu paj o qual esta por fejtor
nafazenda de Anto piz callafate na
pitanga eo acaſo he que elle ouujo dj
zer ao djtto ſeupaj quando moraua en
monte caluarjo que adjtta ſua madras
ta caterjnafrez comera huã talhada de
anaanas hum dja pella menhaã antes
de hir reçeber oſanctiſsimo ſacramento
eq mais naõ ſabe e foj logo amoestado
pello sor visitador que elle djga e de
clare tudo o que mais ſabe deſsi, ou de
outrem pertençente aestamesa por q
lhe he aſsim neçeſsarjo pera descargo
desua cõcjencja e peraſeubom despacho

e por


epor djzer que naõ lhe lembra nadafoj
perguntado se sabe ou ouujo de alguã
peſsoa que ujndo em algum bar barquo
ou estando em alguã outra parte are
negaſse de deos ou de noſsa senhora ou
dos sanctos, ou dixeſse alguã outra
blasfemea, Respondeo que agora lhe
lembra que ora faz hum anno vindo elle
de cereegipe em hum barquo pera esta
cjdade pera ha festa das honze mjl uir
gens ujnhaõ no djtto barquo Anto
gllz laurador de ceregipe dono do djtto
barquo, e hum cjgano filho do cjgano
velho chamado ſilua que anda nesta
cjdade eoutro mançebo que ora esta
por criado de casa do gdor.
dom frco de ſousa
dos quais o djtto cjgano et o djtto crjado
que ora he do gouernador começaraõ

azombar


6

azombar com as maõs pegando delle
Reo puxando lhe pello cabeçaõ daca
mjſsa e rompendo lho e apertando lhe
cõ as maos hum a garganta eoutro
opescoço entaõ elle Reo agastado
de uer que com zombarjas o afogauaõ
djxe que lhe rogaua per amor de deos
que o dejxaſsem eſenaõ que derja
que deos que naõ eradeos e entaõ
o djtto dono do barco Anto gllz pellejou
cõ os ſobredjttos djzendo q naõ querja
tais zombarjas no ſeu barco erepren
deo aelle Reo do q malfallou epergũ
tado pellosor ujsitador edjxe elle
que arenegaua de deos, ou ſe djxe que
arenegarja de deos respondeo que
bem poderja elle djzer com o djtto agas
tamento alguas das djttas pallauras

porem


porem que ao preſente lhe naõ lembra
que djxeſse mais que o que djtto tem
que derja que deos naõ era deos e q
de quais quer pallauras que elle djxe
pede ora perdaõ nesta mesa como de
fejto logo pedjo pondoſe de Joelhos et
chorando e cõ mostras de arepem
djmento pedjndo mia que era moço
de pouco ſaber eque com agastamẽ-
to djxe o que djxe eperguntado mais
dixe que elle naõ ueo aesta mesa
de nuncjar oſobredjtto de ſuama
drasta nẽ confeſsar deſsi o ſobre
djtto nos trjnta djas do monjtorjo
geral nẽ no tempo da graça porque
nunca lhe lembrou nada djſso ſenaõ
despois que foj chamado delle sor efoj
por elle perguntado nesta meſa efoj

lhe maõ


7

lhe maõ dado ter ſegredo eaſignou cõ
osor ujsitador Manoelfrco notro dosto
offjcjo nesta ujsitaçaõ o escreuj
Mendoça ~ leonardo ~

A qual confiſsaõ, eſeſsaõ eu notro
tras ladej bem efielmente d[ o ] pro
prjo e cõ certej cõ osor ujsitador
epor con cordarem de verbo ad
verbum aſignamos aquj ambos
Manoelfrco notro dosto offjo.
nesta
visitaçaõ o escreuj ~

Mendoça ~ Manoelfrco


_


8

¨eſsaõ

Aos çinquo djas do mes de Julho de
mil equjnhentos e nouenta etres an
nos nesta cjdade doſaluador ba
hia de todos os ſanctos nas casas
da morada dosor visitadordosto
offjo.
hejtorfurtado de mendoça
perante elle pareçeo ſendo chama
da caterjna frez Ree conteuda nes
tes autos a qual reçebeo Juramto
dos stos euangelhos em que pos ſua
maõ de rejta ſob cargo do qual pro
meteo djzer uer dade efoj logo a
moestada com mujta charjdade
pello ſor ujsitador q ella acabe de
comfeſsar ſuas culpas Jntra mente
e declare ſe quando ella comungou
lhe lembraua que tinha comjdo porq
comfeſsar a uer dade desencaregara

ſua


ſua concjencja eſe lhe dara bom despacho
epor ellafoj djtto q ella tem confeſsado
nesta mesa a uerdade eq quando cõ
mungou lhe naõ lembrauatercomjdo
per guntada mais djxe q bem ſabe
que todo cristaõ quando comungar
deue deestar em JeJum e que na ostia
conſagrada esta o uerdadejro corpo
de noſso sor Jhũ xpo tam perfejtamte
como esta nos çeos e que ella nunca
nada disto duujdou e heboacristãa
epede mia epor naõ ſaber asig
nar eu notro aſignej por ella aſeu
rogo, cõ osor visitador Manoelfrco
Notro do sto offjo.
nesta ujsitaçaõ o escreuj

Mendoça ~ Manoelfrco


9

¨eſsaõ

Aos doze djas do mes de Julho de mjl e quj
nhentos e nouenta etres annos nesta
cjdade doſaluador bahia detodos os
sanctos nas casas da morada dosor
visitador dosto offjo.
hejtor furtado de men
doça per ante elle pareçeo ſendo chamada
caterjna frez Ree conteuda nestes autos
a qual reçebeo Juramento dos sanctos
evangelhos en que pos ſua maõ derejta
ſob cargo do qual prometeo djzer uerda
de efoj tornada amoestar pello sor ujsi
tador com mujta charjdade que ella aca
be de fazer declaraçaõ da uerdade ſe ſe
lembrou quando comungou q tinha co
mjdo e ſe ouujo dizer alguem queſe po
dja comer antes de commungar, respõ
deo q tal lhe naõ lembrou nem ouujo
e que tem comfeſsado a uer dade e ma

is lhe


is lhe naõ lembra, perguntada per ſua
genelosia djxe q he cristaã uelha natu
ral de extremoz, e q conheçeo ſeuavo paj
deſeupaj Joam frez almocreue, eo paj de
ſua maj ſe chamaua pedre anes tambẽ
almo creue, naõ conheçeo ſuas avoos
ella con feſsante tem hum Jrmaõ po
frez, e huã Jrmaã marja lopez casada
com frco frez alfajate, e perguntada
pella doutrjna cristaã persignouſe
e benzeoſse, e djxe o credo, padre noſso
e aue marja, eſalue raynha e mais naõ
ſoube djzer epedjo despacho com mia
epor naõ ſaber asignar eu notro dosto
offjo.
asignej por ella cõ osor ujsita
dor Manoelfrco notro dosto offjo.
neſta
ujsitaçaõ o escreuj ~

Mendoça ~ Manoelfrco


10

efejtas as djttas audjencjas eſseſſois
logo pello sor visitador me foj maõ
dado fazer estes autos cõ cluſos os
quais logo fiz.
Manoelfrco notro dosto
offjo.
nesta ujsitaçaõ o escreuj ~

Co

Vtos foraõ Eſtes Autos EmMesa EPareçeo
atodos os votos q Vto como aRee Veeo no
tempo dagraca, E o modo como cõfeſſa acõte-
cerlhe a caſo de comũgar tẽdo comido atalha
da deAnanas EReſpeitado a penitẽcia q
Ja ſelhe deu na cõfiſſaõ ſacramẽtal q Ella diz q
cõprio ‒ q JeJue huã quarta fra, E reze
cinqo vezes oRozairo eſe cõfeſſe no oprimro
Jubileo q ouuer.
Epage as Cuſtas. Baja
21.
Julho 1593.

OBispo‒ ~ Heitorfurtado de mendoça
FernaõCardim ~ Lionardo Arminio
Fr DamiaoCordeiro