Ana Caetana de Jesus
Nomeação no documento
Ana Caetana de Jesus, moça solteira, moradora no distrito de Parnaíba
Descrição do documento
Ana Caetana de Jesus afirmou, neste requerimento não-datado, ter suas terras invadidas por Antônio José de Miranda. Segundo a moça, o sítio herdado de seu pai corria o risco de ser tomado "à valentona" pelo genro do capitão-mor da vila de Parnaíba, pois "por a suplicante ser mulher" ele teria "a violentado" e "entrado em suas terras". O capitão-mor da vila de Cotia, em resposta a um pedido feito "vocalmente" pelo Conde de Palma, procurou informar-se sobre o ocorrido com os vizinhos de Ana. Além disso, informou-se também com o vigário e com o padre da vila de Parnaíba. Após analisar os documentos apresentados pela suplicante e pelo suplicado e ouvir a todas as testemunhas e autoridades, o capitão-mor concluiu que Ana tinha "toda a razão" em seu requerimento.
Morada
Santana de Parnaíba, Brasil
Termos de caracterização social usados no documento
dona
Local do documento
Santana de Parnaíba, Brasil
Transcrição parcial
Ilustríssimo Excelentíssimo Senhor,\nDiz Ana Caetana de Jesus, moça solteira, moradora no distrito de Parnaíba, que ela suplicante é senhora e possuidora do sítio que herdou do seu pai, Luís Mendes Vieira, como consta dos documentos juntos, e, porque Antônio José de Miranda, do mesmo distrito, por a suplicante ser mulher a tem o suplicado a violentado, entrado nas suas terras, querendo-lhe as tomá-las à valentona, debaixo do respeito do capitão-mor daquela vila, genro do suplicado, de sorte que a suplicante com a justiça daquela vila não tem partido algum. E por esta causa se ver obrigada a molestar a Vossa Excelência, rogando-lhe que, por sua bondade, seja servido mandar que o suplicado se abstenha de fazer roça nas terras da suplicante e que apresente os títulos por donde as quer tomar da suplicante. Portanto, pede a Vossa Excelência quando seja servido mandar informar a este respeito que seja o sargento-mor da vila ou reverendo vigário. E, sem embargo de tudo, Vossa Excelência mandará o que for servido. Espera receber mercê. […]\nIlustríssimo Senhor Sargento-mor José da Silva de Carvalho, É constante o vexame que sofre a minha freguesa, Dona Ana Caetana de Jesus, com o vizinho Ajudante Antônio José de Miranda, morador hoje entre as terras de seu sítio, em um pequeno campestre ou tapera do falecido Lourenço Pinheiro, pois este, ali vivendo em vida de Luís Montes Vieira, pai da mesma, se conservava em uns pequenos limites entre os marcos de medição das terras do mesmo Luís Montes e, vendendo ao coronel falecido, Policarpo Joaquim de Oliveira, já em sua vida quis exceder e prolongar a possessão daquela dita tapera. E agora o ajudante Antônio José de Miranda, que arrematou aquele lugar, consta-me ter entrado e pretendes entrar em grande parte das terras, como melhor viram os vizinhos e se pode ver pelos títulos. À vista do que, tem razão a mesma Dona Ana Caetana de procurar os meios de se livrar destes vexames e prejuízos. Ela é uma senhora muito de bem, órfã e desamparada, que tem vivido com toda honra, e só cuidando com seu trabalho em manter a sua pobre casa. Tirei toda satisfação de que Vossa Mercê, averiguados os papéis e [concertadas] as partes, todo se esforce em compor esta dúvida e dê fim a estes vexames pelo amparo do Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor Conde. Deus lhe guarde felizes anos. Parnaíba, 27 de outubro de 1816. De Vossa Mercê, muito venerador e obrigado criado, João Gonçalves Lima.
Autoria da transcrição
Elisa Hardt Leitão Motta
Condição de acesso ao documento primário
Documento fotografado e editado filologicamente
Descrição material do documento
Além do requerimento do qual Ana Caetana de Jesus é autora indireta, há três outros documentos inclusos que dizem respeito ao seu pedido. São eles: a resposta do padre da vila de Parnaíba, Carlos Antônio da Silva, aos questionamentos do capitão-mor de Cotia; a resposta do vigário da mesma vila, João Gonçalves Lima; e, por fim, a missiva do sargento-mor comandante de Cotia, João da Silva de Carvalho, ao Conde de Palma. Trata-se, no total, de um conjunto documental composto por 4 fólios escritos no recto do primeiro, no recto do segundo, no recto e no verso do terceiro e no recto do quarto. Perto da margem direita do recto do primeiro fólio há um carimbo quase apagado de formato circular e tinta azul. O mesmo carimbo está presente na margem direita do recto do terceiro fólio. Neste mesmo fólio, abaixo da primeira linha, na margem direita, há "Nº1" escrito em tinta preta. No recto do quarto fólio, há "Nº2", também escrito em tinta preta e localizado abaixo da primeira linha, à margem direita. No recto do primeiro fólio, entre a primeira e segunda linhas do corpo do documento, há o ano "1816" e o código "93-3-15" escritos em grafite cinza. O requerimento de Ana, em si, não apresenta uma datação cronológica ou um despacho datado para nos informar quando foi redigido, mas a resposta de Carlos Antônio da Silva aos questionamentos do sargento-mor de Cotia encontra-se datado como "26 de outubro de 1816".
Tipo de documento
Requerimento
Autoria do documento
Secretaria de Governo da Capitania de São Paulo (SeGovSP)
Datação cronológica
{26/10/1816}
Arquivo
Arquivo Público do Estado de São Paulo (APESP)
Indexador na fonte
Fundo BR SPAPESP SEGOVC, Grupo 1G3 - Justiça, Petições. Pasta 1.1.612, Documento 93-3-15
Perfil documental
Autora indireta
Detalhamento do perfil
Autora indireta de requerimento acusando um homem de ter invadido suas terras
Grafia conservadora do nome
Anna Caetana de Jezus
Catalogado por
Giovana Citrangulo; Laryssa Albino Bezerra Rogério de Oliveira; Elisa Hardt Leitão Motta
http://map.prp.usp.br/Cat/0080.jpg
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