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Marja pinhejra
Baya
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N 10, 749
proceſso de Marja pinhejra Molher de ſsimaõ Nunez de de ultra preſsa no carcere do ſancto offjcjo ~ pareçe grande Rigor o queſe usou cõ este molher |
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Aos ujnte e noue dias do mes de nouembro de mil e qujnhentos et nouenta edous na nos digode nouenta e hum annos nesta cj dade doſaluador capitanja da bahia de todos os ſanctos nas casas da morada dosor ujsitador do sancto offjcjo hejtor furtado de mendoça perante elle pare çeo ſendo chamada Paula de ſequejra e recebeo juramento dos ſanctos euan gelhos em que pos ſua maõ derejta ſob cargo do qual prometeo dizer uerda de e ſendo perguntada ſe sabe perque he chamada ousospeita pera que res pondeo, que naõ ſendo perguntada perante quais peſsoas leo ella hum liuro defeſso que chamaõ diana respondeo que nomeada mente peſsoa as ¨e fora lhe naõ lembraõ porem que he uerdade que ella tem a mujtos tẽpos |
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o djtto liuro chamado diana et lia por elle mujtas ueçes, perante agentede ſua casa et huã uez perante marja pi nhejra perguntada que peſsoas ſã huas que entraraõ hum dia en ſua casa ea chandoa lendo pello ditto ljuro amoes taraõ que o naõ leeſse porque era defeſso eella respondeo que naõ auja rezaõ de de fenderem tal liuro, e que os Jnquisidores que o defendiam faziam mal porque na quelle liuro naõ auja mal nenhũ nem ella lhe achaua que tachar eque gostaua mto o ler eque contudo o auja de leer, respondeo que lhe naõ alembra q isto aſsim lhe aconte ceſse ſomente lhe pareçe q huã uez entrou huã peſsoa naõ ſabe ſer rellegioſso lhe dixe achandoa cõ o ditto liuro que era defeſso ella dixe q naõ fazia nella impreſaõ de mal o ditto liuro, e ſendo perguntada mais dixe que despois que ella ſoube que o ditto |
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3 ditto Liuro era defeſso, leo por elle alguas <dez> uezes pouco mais ou menos e que ſegundo o gosto que ella tinha de leer por elle mais uezes por elle leera ſenaõ fora que osabia quaſi to do de cor et estar mujto emfadada de o ter Lido, eque ſegundo ſua lembranca auera dous annos pouco mais ou menos que o dej xou de leer a deradejra uez. Epor quanto o mais queſe segue nesta ceſaõ de Pauloa deſequejra naõ trata mais da dicta marja pinhejra o naõ trasladej mais Manoelfrco Notro do sancto offjcjo nesta ujsitaçaõ o escreuj |
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4 Aos ujnte ehum dias do mesJanro de mill e qujnhentos e nouenta edous annos nesta cjdade dosaluador capitanja da bahia de todos os ſanctos nas casas da morada dosor ujsitador dosancto offjo hejtor furtado de mendoça peranteelle pareçeo ſem ſer chamada marja pinhej ra e reçebeo juramento dos sanctos euan gelhos ſob cargo do qual prometeo dizer uerdade, et dixe logo que hum dos dias paſsados veo ella chamada aesta meſa et nella ſob cargo dos juramento dos ſan ctos euangelhos que entaõ reçebeo foj perguntada ſe ujra ella algum ora a Paula deſequejra ter hum liuro de diana q he defeſso ou algum outro, ou ler por eeles et ella dixe que nunca lhe ujra leer liuro nenhũ defeſso, e ora ella denũ |
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denuncjante correndo pella memorja lhe alembra que hum dia, estando em caſsa de Paula de ſequejra, pera a dicta Paula de ſequejra a lembrar huas cer tas palauras de diana de huã certa canti ga ou historja da dicta dianaa que em ter ambas estauaõ naõ lhe lembra ſe praticando ſe cantando Pedio a dicta Paula deſequej o liuro de djana o qual lhe trouxe llogo lhe trouxe da casa de dentro huã ſerujdora e a dicta Pauloa deſequejra tomou a dicta diana eabrjo, eaſsim em bre <vio ter e ler o lo ha R.> ue espaço oulhou lendo entreſsi os pontos que querja e llogo alargou no chaõ e entaõ con ſaberem o ponto quequerjam cõtinu araõ a cantiga ou historja pordiante efoj logo perguntada que ſe ella sabia que a dicta Paula de ſequejra tinha o di tto liuro de diana deffeſso quando os dias paſsados |
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5 paſsados ueo aesta meſa chamada et nellla foj perguntada por iſso, por que rezaõ o negou edixe aJnda, aris, respondeo q ella entaõ negou quelho naõ ujra leer como na uer dade o naõ ujo, e que elle sor ujsitador lhe perguntou ſe lho vira ella leer e que por iſso ella respondeo q naõ por que ſe elle sor ujsitador lheperguntara ſeſabja ella ſetinha a dicta Paula de ſequej ra o dicto liuro de dianadefeſso q entaõ dixera ella que ſsim, por que ſabia que o tinha ella e auera hum anno pouco mais ou menos que oſabe, et naõ ſe afirma no tempo, e foj logo perguntada, por que rezaõ no tempo do monjtorjo geral por que naõ ueo a esta meſa de nuncjar da dicta Paula deſequejra que lhe ſabia ter a dicta dianna defeſsa pois entaõ o ſabia, respondeo, que ella naõ lhe lembrou entaõ ſer obrjgada a denuncjar iſso , della e por naõ aduertir a iſso o naõ
dixe |
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dixe por que ſe lhe lembrar o dixera e por naõ ſaber aſignar e u Notario aſeu rogo aſinej cõ osor ujsitador Manoelfrco No tro do sancto offjcjo nesta ujsitaçaõ oescre uj ~ Mendoça ~ Manoefrco Ellogo osor visitador uendo como por estes autos conſta como marja pinhej ra ſabendo ter Paula deſequejra ſua amjga o ditto liuro defeſso naõ ueo de nuncjadllo a esta meſa no tempo do monj torjo geral pello que em correo nas penas delle, a mandou ao carçere do ſancto offjo ellogo Aluaro de ujllas boas, que ſerue delleajde delle ſe ouue por entreque della eaſsinou aquj ~ Manoefrco Notrodo ſancto offjcjo nesta ujsitaçaõ o escreuj Aluro de uilas boas |
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6 Aos vinte e dous dias do mes de Janro de mill equjnhentos e nouenta e dous annos nesta cidade do ſaluador capitanja da bahia de todos os ſanctos nas casas da mora do sor ujsitador doſancto offjo. hejtor furtado de mendoca perante ſsi m mandou ujr a Marja pinhejra preſsa no carcere do ſancto offjcjo e reçebeo ju ramento dos ſanctos euangelhos em que pos ſua maõ derejta ſob cargo do qual prometeo dizer uer dade efoj amoes tada com mujta charjdade que falle to da a uerdade acerca da rezaõ porq naõ denuncjou no tempo do monjtorjo ge ral da dicta Paula deſequejra pois lhe ſabia ter o ditto liuro defeſso e quantas uezes lho ujo leer, respondeo que ellatẽ dicta toda a uerdade e que naõ tem mais |
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tem mais que dizer, e de sua genelosia dixe ſer natural de lixboa filha de diogo frez pinhejro ede Jnes frez mourisca de idade de quarenta |renta| annos pouco mais ou menos caſada con ſsimaõ nunez deultra moradora nesta cjdade naõ conheçeo auos nẽ parentes, e purgun tada pella doutrjna, elogo ſe benzeo et per ſinou, et benzeo e dixe o credo eos mandamẽ tos da lej de deos - naõ mujto bem e naõ dixe os mandamentos da sancta madre Jgreja nẽ os peccados mortais, efoj lhe mandado que aprendeſe a doutrjna edixe que aſsim o farja, e por naõ ſaber aſignar eu notarjo a ſeu rogo aſinej cõ osor ujsitador Manoelfrco notro do ſancto offjcjo nesta ujsitacaõ o es dreuj ~ Mendoça ~ Manoelfrco |
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7 E llogo fejta a dicta audiencja elle ſenor ujsitador mandou fazer estes autos con cluſos os quais logo fĩz Manoelfrco Notro do ſancto offjcjo nesta visitaçaõ o escreuj ~ Con Cluo ForaõVtos Estes Autos, EPareçeo qpor quãto a R. ma pinhra ſabia ter ſua amiga Paula de ſequeira o liuro defeso chamado Diana, E lho vio ler, E naõ ſo tem o naõ veeo denunciar no tempo do monitorio geral, mas ajnda depois ſendo chamada Jurou falso neſta meſa affirmando q naõ lhe vira ter, nẽ ler o dito liuro: Pello q cõforme a o monitorio geral ficou excomungada, Epode ſe proceder cõtra ella como cõtra ſospeita na fee, E encorreo mais na pena do perjúrio. Condenaõ a Re maria pinhejra q hũ domingo Em quãto ſe çe- lebrar |
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lebrar a miſſa Eſteja na ſee ſem mato com huã uella aceſa na maõ, Em pee, E abjure de leui e ſeja absoluta da Excomunhã Em qEncorreo E Reſpeitãdo a antes de ſer presa Ella ſe vir apreſentar na meſa ſem ſer chamada a Relleuaõ das mais poenas publicas q mere cia, E cõprira as pias Eſpirituais q lhe ſeraoJmpostas. Pague as cuſtas. 24 Janro 1592. OBispo – ~ Heitor furtado de mẽdoça FernaoCardim ~ Lionardo Arminio |
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8 Sentença Acordaõ o visitador do ſacto officio o Ordinario, et aſseſsores que uistos estes Autos, proua <delles> et com fiſsaõ que fez a Re que preſente esta Marja pinhej ra, natural de lixboa filha de diogo frez pinhejro ede Jnes frez Mourisca, de idade de quarenta annos casada cõ ſsimão Nunez de ultra morador nesta cidade, per que consta que ſabendo ella a obrigação que tinha de uir de nuncjar quais quer culpas de quais quer peſsoas, que ſoubeſse, pertencentes a ſancta Jnquj sicam, et ſabendo que comforme a o mo njtorio geral que ſe publicou na ſee naõ ujndo em corria em ex comunham ma jor, et em ſos pejta nafee: com tudo naõ ueo |
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ueo aesta meſa denuncjar, nem de clarar certas culpas graujſsimas, <q ella bẽ sabia> de huã certa peſsoa, das quais reſulta contra a dicta certa peſsoa ſospejta na noſsa ſancta fe catolica, pello que com forme o ditto monjtorjo geral, et edicto da fee ficou a Ree ex comungada de ex comunhaõ major, et culpada como peſsoa ſospej ta na fee: princjpalmente que no caſso Jnter ujeraõ huas certas calidades, pel - las quais fica ſendo major preſunpçaõ contra ella. Ealem disto ſendo aRee delata nesta meſa de ſaber as dittas culpas, foj chamada aella: et pergun tada pello juramento dos ſanctos euangelhos que reçebeo, jurou falſo nesta meſa, affimando, que naõ ſa bia da dicta culpa da dicta Peſsoa pello que |
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pello que emcorreo nas penas de perjura o que tudo uisto, eo mais que dos autos conſta, e aſospejta que do caſſo Reſulta condenaõ a Re marja pinhejra q dum domingo em quanto se celebrar a miſsa, esteja na ſee ſem manto em pee com huã uella açeſa na maõ; efaça publica abjuraçaõ de leuj sospejta nafee; et ſeja abſoluta Jnfo<r>ma ec- cleſiae, da excomunhaõ major em q emcorreo. E vſando com ella de mujta miſiricordia, respejtando tambem a antes de ſer preſsa, ella ſe, vir apreſentar nesta meſa, ſem ſer chamada, ea outras considera cois que ſetiueraõ, lhe relleuaõ et per- doam as mais penas publicas q mereçia <vis>tas tambem as mostras que da de a Rependjmento:. E Aprendera a doutrjna |
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<adou>trjna cristaã, que a naõ ſoube dizer nes- ta meſa, et Jeiuara tres ſestas fejras ( que naõ ſejaõ da obrigaçaõ da Jgreja ) et em cada huã dellas rezara hum roſajro de nossa sora, e com feſsarſea neste anno pella festa do spiritu ſancto, et do Natal, et reçebera o ſanctiſsimo ſacramento de comſe lho de ſeus comfeſsores; et pague as cus tas. Dada na meſa da ſancta inquj- siçam - nesta cjdade do ſaluador aos ujnte equatro de Janro de mill equjnhentos enouenta edous ~ Heitor furtado de mendoça |
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10 Abjuraçaõ de leui perante uos Reverendo sor Jnqujsidor Juro nestes ſanctos euangelhos em q ponho mjnhas maõs q de mjnha pro prja et liure vontade anathematizo e a parto de mj toda aespecjede hereſia, eapostaſia qfor ou ſe aleuã tar, contra nossa ſancta fee catho lica, etſee apostolica, espicjalmte estas que agora em mjnha ſentẽ ca me foram lidas, as quais aquj ej por expreſsas, et de claradas de que me ouueraõ por de leuj, ſospej to nafee, et Juro eprometo de ſempre ter eguar dar a ſancta fee catholica que tem e emſina a ſancta madre Jgreja de Roma, eque ſerej ſempre mujto obediente ao nosso mujto sto Padre, papa gregorjo, ora praeſidente na Jgreja de Roma, e a ſeus ſuceſsores e confeſso quetodos os que cõtra esta |
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ſancta fee catholica, vjerem, ſam dignos de condenaçaõ, et promete, denunca com elles me aJuntar, ede, os perſeguir edes cobrir, et per ſeguir as hereſias, q deles ſouber, aos Jnqujsidores ouuj sitadores, et prellados, da sancta mae dre Jgreja, ejuro eprometo quanto em mjm for de comprir a penjtencja que me he Jmposta, eſse contra isto ouparte dello em algum tpo uier ( o que deos naõ permjta ) Caja na pena que per drto en tal caſso merecer, et meſob meto a ſeuerjdade <et correicaõ> ſagrados canones et requejro ao Notro do sto offjcjo que disto paſse estromento, et aos que pre ſentes estaõ ſejaõ testas. e aſin[ e ] m aquj por mj ~ Manoelfrco Frco degouuea ~ Aluro de uilas boas Frco fra |
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11 publicaçaõ foj pubricada esta ſentenca atras a Ree aos ujnte e ſeis dias do mes deJanro de mill e qujnhentos et nouenta e dous annos nesta ſee desta cjdade em pre zenca da Ree pello Padre Cura da dicta ſee onde aRee fez abjuração de leuj atras escripta estando preſ ſente osor ujsiador e o bispo e gouer nador e grande cõ curſo de genteMa noell frco Notro do ſancto offjcjo nesta ujsitaçaõ o escreuj – ſoltura oye ujnte e ſeis dias de Janro de mill equjnhentos enouenta e dous annos ſe paſou mandado esta Ree ſer ſolta per mandado do sor ujsitadorManoel frco Notarjo do ſancto offjcjo nesta ujsi taçaõ o escreuj ~ |
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