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"text_1[sem título]" (author: , ) [ extensão: full, 4386 palavras ]

[. ] [ m ] o[ r ] e[. ] a

1

No 1287

proçeſso de caterjna morena
Castelhana ~

{ 112 }


_

2

Aos ujnte e hum djas do mes de agosto
de mjl equjnhentos e nouenta e hũ
annos nesta cjdade dosaluador
capitanja da bahia de todos os stos
nas casas da morada do sor ujsita
dor do sancto offjcjo hejtor furtado
de mendoça perante elle pareçeo ſẽ
ſer chamada dentro no tempo da
graça caterjna morena castellana
epor querer confeſsar ſuas culpas <neſta[, ] >
<meſa> reçebeo Juramento dos stos. euange
lhos en que pos sua maõ derejta ſob
cargo do qual prometeo djzer entu
do uerdade e djxe ſer cristaã uelha
natural de huã aldea duas legoas
de tolledo que ſe djz Naue delmoral
e criada en talauejra della rejna

Arcobis


Arcobispado detolledo e confeſsando djxe
que auera onze annos pouco mais ou
menos ſendo ella entaõ de ydade
de dezojto annos casou nacjdade de
malega bispado de granada com frco
duram castelhano natural da bejra
de prazença en castella, estallaJadejro
de dar de comer ecamas aos paſsagej
ros, que entaõ dezia ſer de ydade de
trjnta annos com o qual caſou per
pallauras de preſente em façe de
Jgreja como asta madre Jgreja manda
eforaõ reçebjdos dentro na Jgreja
de ſamJoam eos reçebeo o Padre da
mesma Jgreja, cujo nome lhe naõ lẽbra
em hum dja pella menhaã, uesperade
|uespera de| de ſancto andre, efoj ſua

ma


3

madrjnha della Jsabelfrez tambem es
talajadejra eo marjdo della Jsabelfrez
foj padrjnho do djtto ſeu marjdo frco
duram efoj mais preſente ao djtto
reçebjmento outra mujta gente e cõ
o djtto ſeu legitimo marjdo ella esteue
fazendo ujda marjtal de huas portas
a dentro a huã cama e mesa como ca
ſados que eraõ espaço de ſeis meſ[ e ] s
pouco mais ou menos uſando o djtto
offjcjo de estallaJadejra e no fim
dos djttos ſeis meſes por ella ter grãde
aborrecjmento ao djtto ſeu marjdo
por ser costumado aembebedar se
e ſer homẽ de rois manhas e lhe dar
mao trato lhe fugio de casa e o dejxou
na djtta cjdade de mallega e ſe ueo

fugida


fugida com hum homẽ castelhano chama
do frco de burgos que a trouxe consigo
aeste brasil onde elle ora esta nesta
capitanja e ujeraõ naarmada de dom
diogo darça que ujnha comquatro
Naos em ſocoro daarmadade diogo
flores que auera isto dez annos pou-
co mais ou menos edespois de estar
neste brasil algum tempo na conuer
ſaçaõ do djtto frco de burgos ſe apartou
delle e o dejxou e ella ſe foj aper naõ
buco a onde auera ora ſeis annos pou
co mais ou menos vendo ſse ellamujto
pobre edes remedeada determjnou
de ſe caſar e fez fazer huã cartafalſa
fingindo que lhe ujnha de mallega
em que ſe dezia como o djtto ſeu ma
rjdo frco duraõ era morto a qualdeu

a leer


4

a leer a mujtas peſsoas e aſsimfin
gindo ſse ſer veuua ſem ella ter rec
cado nenhũ de o djtto ſeu marjdo
ſer morto e entendendo que podja
estar ujuo ella ſe caſou ſegunda
uez comAnto Jorge portugue[ s ] meſtre
de açuquere na djtta ujlla de per
naõ buco e ſe casaraõ a façe da Jgreja
com pregois corrjdos na djtta ujlla
de pernaõ buco e dando fiamça a
mandarem trazer os pregois corrjdos
de mallega donde ella dezia q fora
caſada e em veuuara e foraõ reçebidos
na Jgreja matrjz de pernaõ buco ~
pello cura della em huã ſegundafejra
pella menhaã prjmejra ojtaua do
espiritu sancto em prezença de mujto

pouo


pouo eforaõ padrjnhos Josephe rjbro na
tural |natural| da ylla da madejra
Ja defunto eſua molher blasea miz
castelhana e ſe recebeo com o djtto Anto
Jorge per pallauras de preſente dj
zendo que reçebja aelle Anto Jorge por
ſeu marjdo como manda asancta ma
dre Jgreja eoutroſsim djzendo, o djtto
Anto Jorge que reçebja aella cõfeſsãte
por ſua molher como manda a sta ma
dre Jgreja como he notorjo e ſabjdo na
djtta ujlla de pernaõ buco e despois
de aſsim ſerem recebjdos estiueraõ
de huas portas adentro como ma
rjdo e molher qujnze meſes pouco mais
ou menos no fim do qual tempo ellamo
ujda de ſua concjencja ſe foj comfeſsar
a hum padre da companhia o qual

ſecreta


5

ſecretamente negoçeou cõ o vigro
da uara de pernaõ buco djogo do
couto con que de clararaõ ao djtto
anto Jorge queſe apartaſse della con
feſsante porquanto ella naõ era ſua
molher legitima et ella confeſsante dej
xou ao djtto Anto Jorge em per[ m ] aõ buco
onde ora lhe pareçe que esta et ella
se ueo pera esta bahia auera cjnquo
annos pouco mais ou menos, ou quatro
annos e meo e que desta culpa de ſe ca-
ſar ſegunda uez ſendo casada eſem
ter nouas do ſeu prjmejro legitimo
marjdo ſer morto mas antes tendo o
por ujuo pede mia eperdaõ nest[ e ]
tempo de graça que errou como molher
peccadora efoj lhe mandado terſegre
do epor naõ ſaber aſignar eu notro

a ſeu


a ſeu rogo, edeclarou ſer ora de ydade
de trjnta annos pouco mais ou menos
e ſer filha de frco moreno e de ſua molher
Joana de ſarrja lauradores Manoel
frco notro do sto offjo. neſta ujsitaçaõ o
escreuj ~ hejtor furtado de mendoça
Manoelfrco ‒‒

A qual comfiſsaõ eu Manoelfrco trasla
dej bem e fielmente da propria que
fica no liuro ea com[ c ] ertej com osor uj
sitador epor concor darem de uerbo
aduerbum aſignamos ambos aquj
Manoel frco notro do sto offjcjo nesta ujsi
taçaõ o escreuj ‒‒
Mendoça ~ Manoelfrco
testo de


6

Testo [. ] e [ M ] arja [. ] a m[ o ] ta molher
parda

Aos ſete djas do mes de ojtubro demil
equjnhentos e nouenta e [ h ] um annos
nesta cjdade do ſaluador bahia de
todos os ſanctos nas casas da mora
da dosor ujsitador dosto offjo. hejtor
furtado de mendoça perante elle
pareçeo ſen ſer chamada Marja da
mota epor querer denuncjar couſas
tocantes ao ſancto offjcjo recebeo Jura
mento dos ſanctos euangelhos em q
pos ſua maõ derejta ſob cargo do qual
prometeo djzer uer dade edjxe ſer
crista[ õ ] uelho natural de torres novas
filha de ſsimaõ da mota homẽ branco
beneficiado na mesma ujlla Ja defunto
e de caterjna frez molher parda de

funta


defunta de ydade de mais de quarẽta
annos veuua molher quefoj de
Manoel de brjto edespois que delle
em veuuou caſou con Anto carualho
tambem defunto q naõ tiueraõ of
ficjos moradora nesta cjdade
E Denuncjando djxe que aueraqujn
ze annos pouco mais ou menos segũdo
lhe lembra que nafrota das quatro
Naos que ujeraõ de castella cõ os man
timentos pera afrota grossa quefoj
ao estrejto de magalhais veo huã cas
telhana chamada caterjna morena
ora moradora nesta cjdade aqual
veo com hum castelhano chamado
frco de burgos morador ora e casada
em pero absu desta capitanja e des
embarcaraõ no rjo de Janro onde

ella


7

ella denun cjante era moradora cos
ta deste brasil e aj tiueraõ com ella
denuncjante estrejta amjzade et con
versaçaõ e lhe contaraõ e descobrjraõ
a djtta caterjna morena e o djtto frco
de burgos ambos Juntos ecada hum per-
si, e a djtta caterjna morena o dezia
tambem grjtando epelleJando com
o djtto frco de burgos per mujtas uezes
per ante ella denuncjante que ho djtto
frco de burgos tirou a ella caterjna mo
rena de poder de ſeu marjdo legi
timo que lhe ficaua ujuo em mallega
e a trouxera furtada na djtta frota
e ella lhe contou per mujtas uezes tam
bem que o djtto ſeu marjdo legitimo
lhe ficaua em castella em mallega

ujuo


ujuo com o qual auja cjnquo ou ſeis me
ses que estaua casada com elle ſo
mente e que lhe fugira e ſe ujerafu
gida com o djtto castelhano burgos e q
naõ ſe ouſaua hir a lixboa com medo
do ſeu djtto legitimo marjdo vir ay ter
e a matar e despois de isto aſsim
paſsar auera ora ſete ou ojto annos
pouco mais ou menos foj ella denun
cjante a per naõ buco onde achou
a djtta caterjna morena casada
de huas portas adentro recebjda
aporta da Jgreja com Anto Jorge
mestre de Açuquere e achando a
aſsim casada e Jndo a uer ella denun
cjante areprendeo deſecasar tendo
ſeu marjdo ujuo e ella lhe respondeo
que iſso lhe fizera fazer ſua madrjnha

brasia


8

brasia miz estante nesta cjdade edes
pois de aſsim estar casada a djtta
caterjna morena em pernaõ bu co
com o djtto ſegundo marjdo por elle
lhe dar ma ujda ella des cobrjo naõ
ſer o uerdadejro marjdo e ter o ſeu
prjmejro marjdo ujuo em mallega
eſe apartou do djtto Anto Jorge eſeueo
pera esta bahia onde ora esta, epor
naõ djzer mais foj perguntadaſe
ſabe alguns castelhanos ou castelha
nas neste brasil que ujeſsem na djtta
frota e ſajbam da djtta caterjna mo
rena, djxe que no Rio uermelho mora
hum castelhano al cajde da praja e
aſsim ha outros a que naõ ſabe o nome
que ujeraõ na djtta frota epergũtada

mais


mais djxe que ſempre a djtta caterjna
morena e o djtto castelhano burgos
fallauaõ neste negocjo de ella ujr
fugida e lheficar laa ſeu marjdo
ujuo, per modo como quefallauaõ
uerdade e do costume djxe nada
eprometeo ter ſegredo pello Juramto
que recebeo, epor naõ ſaber aſignar
eu Notro aſeu rogo aſignej cõ osor visi
tador Manoelfrco notro dosto offjcjo
nesta ujsitaçaõ o escreuj ~ hejtor
furtado de mendoça ~ Manoelfrco

As quais culpas eu Manoelfrco notro tras
ladej bem efielmente das proprias eas
Con certej cõ osor ujsitador eporcon
co[ r ] darem deuerbo aduerbum aſig[ m ] amos
aquj ambos Manoelfrco notro dosto offjo. nesta
ujsitaçaõ o escreuj ~

Mendoça ~ Manoelfrco


9

1ª ſseſsaõ

Aos cjnquo dias do mes de majo
de mjl e qujnhentos e nouenta
etres annos nesta cjdade dosal
vador ca[ p ] itanja da bahia detodos
os ſanctos nas casas da morada
dosor visitador dosto offjcjo hejtor
furtado de mendoça perante elle
pareçeo ſendo chamada caterjna
morena Ree conteuda nestes au
tos a qual reçebeo Juramento dos
ſanctos euangelhos en que pos ſua
maõ derejta ſob cargo doqual pro
meteo djzer uerdade efoj logo a
mo estada com mujta carjdade
pellosor ujsitador que ella con
feſse e declare nesta mesatoda
a uer dade, por que iſso lhe Jmporta
mujto aſsim pera descargo de

ſua


ſua concjencja como peraſeu bom
despacho efoj perguntada por
elle ſor ſe sabe que o djtto ſeu prj
mejro marjdo frco duram, he Jnda
oJe ujuo ou ho era no tempo que ſe
caſou com Anto Jorge emper naõ
buco, e que recado teue, outem delle
Respondeo q despois q lhe ellafu[ g ] io
eſe apartou delle em mallega, onde
o dejxou ujuo eſam, nunca mais
ate este dja preſente teue, delleRec
cado [ n ] [ e ] nhum nem ouujo a nenhuã
peſsoa nouas delle de morto nem
de ujuo, nem ſabe ſe he ujuo ſe morto
perguntada ſe des pois q esta
nestas partes dobrasil fallou cõ
alguã peſsoa que ujeſse demalega
respondeo que ategora, naõ ſabe

neſte


10

neste brasil nenhuã peſsoa queuj
eſse de mallega nem com ella fallou
e foj amoestada que olhe naõ ſeja
isto alguã Jnvençaõ de quererella
fingir que tem ſeu marjdo ujuo, ouq
naõ ſabe de certo ſer morto em mal
lega, pera aſsim ſe apartar do marj-
do que reçebeo em pernaõ buco que
por uentura ſera oſeu legitimo, res
pondeo, q ho quetem djtto ecõfeſsa-
do neſta mesa he uerdade, deste
caſso e que por ella des em carregar
ſua conçjençja ueo a ella comfeſalla
epedjr mia como tem fejto no tpo da
graça, e foj perguntada ſe quãdo
ella caſou cõ Anto Jorge em pernaõ
buco, ſabja ella que naõ tinha ella no
uas de oſeu prjmejro marjdo ſer morto
responde que o djtto Anto Jorge cuj

daua


daua que ella confeſsante era veuua
e com eſsa boa tençaõ ſe caſou com
ella, perguntada ſe ſabe que esteja
neſta terra alguã peſsoa queaJa
estad[ o ] em malaga, respondeo
que naõ ſabe, ſaluo frco de burgos
que he o castelhano [ h ] [ u ] [ m ] que ellaueo
della fugida o qual ora estacasado
com huã mamaluca nesta capi-
tanja, edaram rezaõ delle em casa
de diogo lopez ylhoa perguntada
ſe ſabe que aJgreja condena por
herejes as peſsoas que djzem poder
ſe caſar duas uezes tendo as prjmej
ras molheres, ou marjdos ujuos,
respondeo que ella como molher
fraça e ſimpllex naõ entendja bem
iſso porem entendja q peccaua em
caſsar ſse, ſegunda uez quando caſou

per


11

perguntada ſe lhe Jnſinou, ou djxe
alguem que ſe podja casar com ho
ſegundo marjdo ſen ſaber do prjmro
ſe era morto, respondeo que mujtas
peſsoas que oralhe naõ lembraõ
quais eraõ lhe djxeraõ emper naõ
buco q tanto que huã peſsoa esta
ua neſtas partes do brasil, logo
nellas podja casar [ - ] ſem embargo
de ſer casada em outra parte mas
ſem embargo djsto ella quando caſou
entendja que paccaua epor naõ
ſaber aſignar eu Notro aſeu rogo a
ſignej cõ osor ujsitador Manoel
frco notro dosto offjo.
nesta ujsitaçaõ
o escreuj‒‒

Mendoça ~ Manoelfrco


2[ ] [ ſ ] eſsaõ

Aos dez dias do mes de majo de
mjl e qujnhentos e nouenta etres
annos nesta cjdade doſaluador
nas caſas da moradadosor uj
ſitador doſancto offjcjo hejtor
furtado de mendoça perante elle
pareçeo caterjna morena Ree
conteuda nestes autos aqual
reçebeo Juramento dos ſanctos
euangelhos em que pos ſua maõ
derejta ſob cargo do qual prome
teo djzer uer dade, elogo foj tor
nada amoestar pello ſor ujsi
tador que ella acabe defazer
confiſsaõ Jntra euerdadejra por
que lhe aprouejtara iſso mujto
pera des cargo de ſua concjencja
eperaſeu bom despacho epor ella
foj djtto que ella tem confeſsado

neſta


12

nesta mesa a uerdade eque naõ
tem mais que djzer, e foj pergun
tada de ſua genelosia, edjxe que <genelosia→>
naõ conheçeo ſeus auos eque tẽ
tios Jrmaos deſeupaj; Manoelf[ u ] r
tado de mendoça casado em leam
tem Jrmao[ s ] della Ree chamado
frco moreno q naõ ſabe onde esta
nem que ujda tem eque demais
parentes naõ ſabe, epe<r>[ g ] untada
pella doutrjna cristaã benzeoſse <doutrjna→>
epersinouſe edjxe padre noſso, aue
marja, credo, eos mandamentos
dalej de deos e naõ ſo<u>be mais et
por naõ djzer mais e affirma[ r ]
q naõ ſabe nouas demorte nẽ de
ujda doſeu prjmejromarjdo
frco duram, e pedir mjsirjcordja
deſua culpa, epor naõ ſaberaſi

nar


nar eu notro aſeu rogo aſignej
por ella com osor ujsitador
Manoelfrco notro dosto offjo. neſta
ujsitaçaõ o escreuj ~

Mendoça ~ Manoelfrco

E fejtas as djttas audjencjas e ſseſois
logo permandado dosor ujsitador
lhe fiz estes autos com clusos Manoel
frco notro dosto offjo.. ujsitaçaõ
o escreuj‒‒

Co

Chamense a eſta Mesa aspeſsoas
Refiridas paſe pergũt[ á ] rem por
Eſte caſo Baja a 19. majo. 1593 –

Mendoça


13

Aos cjnquo djas do mes de Julho de mjl
e qujnhentos e nouenta etres annos
neſta cjdade doſaluado apare
ceo neſta mesa ſendo cham ado
pedro de medjna castelhano al
cajde da praja do [ R ] jo vermelho
o qual recebeo Juramto dos stos. euan
gelhos ſob cargo do qual prometeo dj
zer en todo uer dade edixe ſercris
taõ velho natural [ d ] acjdadede ma
lega de ydade de vinte eſete annos
eperguntado ſesabe pera q he cha
mado respondeo q naõ pergũtado
pello q ſabe de caterjna morena ſe
he casada ou naõ respondeo que
lhe he natural da djtta cjdade de
mallega aonde conheçeo auera doze
annos poucomais ou menos a djtta

caterjna


caterjna morena ſer cada cõ hum ho
mẽ de ate vinte e ſeis annos cujo
nome lhe naõ lembra o qual era
beligujm daJustiça e ella tinha es
tallajem de dar de comer onde cha
maõ aporta do mar e os conheceo
estarem casados algum tpo q ora
naõ ſe affirma quanto na ditta cj
dade e ellafugio ao djtto marjdo
com ſeu amjgo chamado frco de burgos
castelhano e namesma conJunçaõ
despois logo de ellafugida ſe ueo elle
testa da djtta cjdadeficando nellaujuo
e ſam o djtto ſeu marjdo e despois ſe
embarcou elle testa no porto desta marja
en huã armada na qualtambem ueo
a mesma caterjna morrena e nunca
mais ouujo <nouas> do ditto ſeu marjdo demor
to nẽ ujuo, e q despois de elle estarneſ

tebra


te brasil, que ella ſe caſsara empernaõ
buco et elle testa estranhou isto por
ſaber q ſeu marjdo ficaua viuo ẽ
mallega e q mais naõ ſabe efoj
lhe mandado terſegredo pello
Juramto q recebeo e aſignou cõ osor
visitador Manoelfrco notro dosto
offjo. neſtaujsitaçaõ o escreuj ~

Mendoça +

Aos doze djas do mes de Julho de mjl
e qujnhentos eno venta e tres annos
nesta cjdade dosaluador bahiade
todos os stos nas casas da morada do
sor visitador dosto offjo. hejtorfurtado
de mendoça perante elle pareçeo ſẽ
do chamado ereferjdo frco de burgos
castelhano o qualreçebeo Juramento
dos stos. euangelhos em que pos ſua maõ

der[ e ] jta


ſob cargo do qual prometeo djzer uerdade
edjxe [ t ] er se por cristaõ uelho natural de
ujlla noua dellos Jnfantes Arco bispa
do de tolledo q ſera o[ r ] a de ydade de
quarenta a[ n ] [ n ] os casado ora em pero
absu desta capitanja com Anadara
gaõ filha deAnto daragaõ molher brãca
eperguntado ſesabe pera q he chamado
aesta mesa djxe quenaõ perguntado
ſe sabe algua couſa pertençente asta meſa
djxe que naõ lhe lembra perguntado ſe
veo alguã vez aella djxe que naõ, per
guntado ſe esteue alguã uez em mallega
djxequeſim perguntado ſe quando della
veo trouxe alguã molher em ſua compa
nhia djxe que ſsim, e que ora lhe lembra et
he uerdade que auera noue annos pouco
mais ou menos, q estando em mallegaſe
afejçoou a elle huã molhercastelhana cha

mada


15

mada caterjna morena moradora ora
nesta cjdade q na djtta mallega [ * ] ſa
da cõ frco duran bellegujm dehum ago
azil, a qual tinha hum bodegaõ de
dar de [ c ] omer, et elle trouxe conſigo a
djtta caterjna morenena e a tirou de
casa do djtto ſeu marjdo, o qual fica
vaujuo eſaõ epor elle paſsou no djtto
dja em q lhe trazia furtada adjttamo
lher e despois djſso ſe ueo cõ ellaaeste
brasil nas quatro Naos d[ o ] capitaõ
dom djogo darça q vinha en ſocorro de
djogo flores ao estrejto de magalhais
e neste brasil ſe apartou elle testa dadj
ta caterjna morena a qualfoj ter aper
naõ buco ella djzem q ſe caſsou ſegundauez
com mestre de açuqueres et elle testanaõ
ſabe ſe he aJnda ujuo oſeuprjmejro ele
gitimo marjdo frco duran, nen ſabe
mais nada disto epor naõ djzer

mais


Mais foj lhe mandado ter segredo e aſignou
aquj cõ osor ujsitador Manoelfrco no
tro dosto offjo nesta ujsitaçaõ o escreuj

Mendoça

Efejtas todas as delljgencjas epergũ
tad[ a ] s as tas. referjdas logo osor uj
sitador me mandou fazer estes
autos con clusos os quais logo fiz
Manoelfrco notro dosto offjo. nesta
ujsitaçaõ o escreuj

Co

ForaõVistos Eſtes Autos Em Mesa EPa-
reçeo atodos os Votos, q Vto como
a Ree cõfeſſou ſua culpa de caſar ſe
ſegda Vez ſendo ſeu maridoViuo primro
Legitimo E deixado [ o ] Vi[ u ] [ o ] naterra
quãdo della Veeo Etendo opor uiuo,

dẽtro


16

dentro notempo da graça, q Abjure de
Leui neſta meſa E ſe cõfeſſe Em hũ anõ
cinqo vezes [ - ] fora da quareſma, E ſe
lhejmponhaõ outras poenitencias Eſpiri
tuais Epague as cuſtas – Baja, 17.
Julho 1593, E naõ torne nũqua [ A ] o
Lugar õde Eſtiuer o cõqſe caſou segũda vez

OBispo– ~ Heitorfurtado de mendoca
FernaõCardim ~ Lionardo Arminio
Marcos daCosta ~ Fr Damiaõ Cordeiro


_

17

[ ] [. ] ença

Acordaõ o Visitador do sto offjo. o Ordjnarjo eaſseſores que vistos
estes autos ea confiſsaõ quefez den
tro no tempo da graça caterjnamo-
rena castelhana cristaã uelha na
tural de huã aldea duas legoas de
tolledo chamada naue del moral
Consta que ſendo ella Ree que pre
ſente esta de ydade de dezojto annos
caſou na cjdade de mallega cjdade
de granada djgo bispado de granada
Com frco duram Castelhano natural
da bejra de prazença com o qualcaſou
per pallauras de preſente [ c ] omo a ma
dre Jgreja manda, e foraõ reçebjdos

na Jgreja


na Jgreja de ſamJoam, edespois defa
zerem ujda de casados alguns ſeis
meſes, ella dejxou o djtto ſ[ e ] ulegitimo
marjdo elhefugio eueo ter ae[ s ] tas par
tes do brasil aonde estando ella Re
confeſsante na ujlla de olinda en[ p ] er
naõ buco auera ora sete annos pouco
mais ou menos fezfazer huã carta
falha f[ e ] ngindo que lhe ujnha de malega
naqual dezia como o djtto ſeu marj
do frco duraõ era morto eadeualeer
a mujtas peſsoas e finalmente fin
gindoſse ella ſer [ v ] euua ſem ella ter
recado nenhum de o djtto ſeu ma
rjdo ſer morto, e entendendo quepo
dja estar ujuo ella Ree ſe casſ[ s ] ou

ſegunda


18

ſegunda uez com Anto Jorge portugues
mestre de acuquere na djttaujlla
de pernaõ buco eſe casaraõ ambos
em face da Jgreja dando fiança a
mandarem trazer os pregois corrjdos
de mallega onde ella dezia que ſeu
marjdo morrera e no djtto pernaõ
buco ſe caſsou com o djtto ſegundo
marjdo, per pallauras de preſente
como [ a ] Jgreja usa, e os Reçebeo na
Jgrej[ a ] m[ a ] trjz o cura della, n[ o ] que
ella Ree ſe mostrou muj des cuj dada
da ſaluaçaõ deſua alma e da obrj
gaçaõ de boa cristaã; O quetudo
visto e o mais que destes autos cõſta
[ R ] espejtando, a Ree despois de estar
com oſegundo marjdo alguns qujnze

meſes


meſes commoujda de ſua concjencja
ſe apartar delle eſe ujr pera esta
cjdade e outras mais conſideraçois
pias que ſe tiueraõ e ujr comfeſsar ſua
culpa no tempo da graça a con de
naõ ſomente que abjurede leuj ſos
pejta na fee nesta meſa et lhe daõ mais
por penjtencja que alem da obrjgaçaõ
da quarresma dentro em hum anno
ſe confeſse cjnquo uezes et Receba o
ſanctiſsimo ſacramento de conſel[ h ] o
de ſeus confeſsores, et JeJu[ e ] cjnquo
ſestas fejras, et reze noue uezes o Ro
ſajro de noſsa sorã e lhe maõ daõ que
nunca entre no lugar onde estiuer
o djtto Anto Jorge con que ſe caſsou se
gunda vez epague as Custas Dada

nesta


19

nesta mesa do ſancto offjcjo dacjda
de do ſaluador aos dezaſete djas do
mes de Julho de mjll e qujnhentos eno
venta e tres ~

Heitor furtado de mendoça

pubrjcada foj esta ſentencana
meſa perante osor visitadorBpo
e aſseſsores eoffjcjais aos [ v ] [ j ] [ n ] [ t ] [ e ] [ d ] [ i ] [ a ] [ s ]
de Julho de 93 Manoelfrco notro do
sancto offjo. neſta ujsitaçaõ
o escreuj ~ djz o mal escrjpto,

vinte djas ~


[. ] Juraç[. ] [ ] leuj

Perante os mujto Jlles sor Bpo e sor Inqdor. et
perante os Reuerendos padres aſseſsores
eu caterjna morena castelhana, Juro nestes
sanctos euangelhos, en que tenho mjnhas
maos que de mjnha propria e liure uontade
anathamatizo, eaparto de mj, toda a especj[ ae ]
de heresia, eapostasia que for ou se aleuã-
tar contra noſsa sancta fee catholica e ſee
apostolica espeçialmente estas queagora
em mjnha sentença me foraõ lidas as quais
aquj ey p[ o ] r expresas e declaradas deque
me ouueraõ pordeleui sospejto na fee et
Juro e prometo de ſempretere guardar
a ſancta fee catholica quetem e Jnsina
a sancta madre Jgreja de Roma eque ſe
rey ſempre mujto obedjente ao noſso muj
ſancto padre Papa ora pr[ ae ] sidente na
Jgreja de Roma e a seus ſuçeſsores et

com


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comfeſso q todos os que contra esta sta fee catholica
vierem ſam dignos de condenaçaõ epro
meto de nunca com elles meaJuntar ede
os perseguir e des cobrir as heresias que
delles souber aos Jnquisidores, ou ujsi
tadores, eprellados da sta madre Jgreja
e Juro e prometo quanto em mj for de
comprir apenitencjaque me heJmposta
e se contra isto ouparte dello em algum
tempo ujer ( o q deos naõ permjta ) caya
na pena que per dereyto em tal caso me
reçer e meſob meto a seueridade e
correjçaõ dos sagrados canones e
requejro ao notro do sto offjo. que djsto
paſse estromento e as testas. presentes
que aſinem aquj comjgo ~


A qual abjuraçaõ de leuj fez a djtta
caterjna morena nesta mesadosto
offjo. perante osor Jnqdor e osor Bpo eos
aſseſsores aos [ ** ] djas do mes
de Julho de mjl e qujnhẽtos et nouẽta
e tres nesta cjdade dosaluador ba
hia de todos os stos. ſendo testas. preſen
tes frco de gouuea merjnho dosto offjo.
e Aluaro ujllas boas alcajde
do carçere e gaspar de crastro portro
destacasa do des pacho as quais testas.
aſignaraõ aquj cõ adjtta caterjnamo
rena eeuManoelfrco notro dosto offjo. neſta
ujsitaçaõ [ o ] escreuj eaſignej por ella ~

Frco de gouueadalltro ~ Manoelfrco
Aluro de uilas boas bar bosa ~
gaspar de crasto