Leonor de Camargo
Nomeação no documento
Leonor de Camargo, da vila de São Carlos
Descrição do documento
Leonor de Camargo, mãe, dona de terras e moradora na vila de São Carlos, contou ter entrado em um acordo com seu genro, Manoel Bruno, para que o mesmo não levasse sua filha Maria "para diverso lugar". Segundo a suplicante, ela havia passado "umas terras que possuía", por escritura pública e sem consultar o restante dos herdeiros, para o genro, a fim de que ele não separasse Leonor de sua filha. Entretanto, assim que Manoel tomou posse das terras, procurou vendê-las "por uma insignificante quantia". Ao protestar tal venda, Leonor recebeu pancadas do genro e até mesmo da própria filha, que lhe "puseram as mãos violentas". A suplicante solicitou, portanto, que as mencionadas terras lhe fossem devolvidas e as vendas do terreno, desfeitas.
Morada
São Carlos, Brasil
Local do documento
São Carlos, Brasil
Ano do documento
1820
Transcrição parcial
Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor,\nDiz Leonor de Camargo, da vila de São Carlos, que, fazendo casar uma sua filha chamada Maria com Manoel Bruno, da mesma vila e, querendo o mesmo tirar e levar sua mulher para diverso lugar, convencionou a suplicante com ele, suplicado, porque este assim exigiu dar-lhe umas terras que possuía. E, com efeito, lhas deu por escritura pública e sem consenso dos mais herdeiros, só por não querer que a dita sua filha se separasse de sua companhia. Assim que o suplicado ficou senhor das terras, intentou vendê-las a Joaquim Pedroso de Morais por uma insignificante quantia. E, sabendo a suplicante disto, e querendo remediar um tal desconcerto, passou a falar ao suplicado, seu genro, procurando desviá-lo daquele indiscreto procedimento. Mas ele e a própria filha da suplicante bem longe de atenderem a um tão justo como maternal parecer, lhe puseram as mãos violentas, dando-lhe pancadas. Queixando-se a suplicante ao Juiz Ordinário respectivo, este mandou prender o suplicado e houve como destratada a escritura das terras, porém, assim mesmo, ele as vendeu ao sobredito Morais. E, sendo a suplicante citada por este, pediu vista e logo requereu sobre aquele objeto ao Doutor Desembargador Ouvidor Geral e Corregedor da comarca de Itú, o qual, depois de informado pelo referido juiz, mandou que este fizesse entregar à suplicante as mencionadas terras, atenta à ingratidão dos suplicados genro e filha. Não obstante isto, foi a demanda prosseguindo seus termos contra a vontade da suplicante, que, vendo-se oprimida, requereu a Vossa Excelência, que houve por bem mandar que o Juiz Ordinário cumprisse o sobredito despacho do ouvidor. E neste caso passou aquele Morais a vender as terras em controvérsia ao Tenente Coronel Antônio de Cerqueira César, do mesmo terreno, o qual pretende tirá-las por sesmaria, não obstante acharem-se litigiosos. E procurando a suplicante, para sua defesa, o venerando despacho de Vossa Excelência, responde o juiz que remetera à sala deste governo. Em cujos termos recorre a suplicante e pede a Vossa Excelência seja servido mandar-lhe entregar aquele mencionado despacho, caso esteja na secretária deste respeitável governo. E, quando não, determinar Vossa Excelência que o mesmo juiz o entregue à suplicante, pena de se lhe haver por estranho o procedimento. Espera receber mercê.\nInforme o Juiz Ordinário respectivo. São Paulo, 3 de agosto de 1820.\nRemetido ao Senhor Coronel Secretário para o efeito que deva o ter, visto mostrar-se que a pretensão da suplicante é opor-se à sesmaria pretendida pelo suplicado. São Paulo, 18 de outubro de 1820.
Autoria da transcrição
Elisa Hardt Leitão Motta
Condição de acesso ao documento primário
Documento fotografado e editado filologicamente
Descrição material do documento
O documento apresenta um fólio escrito no recto. No canto superior esquerdo do verso, há apenas o número "Nº6,,120", tachado, e "Nº7,138", ambos escritos em tinta preta. Na margem esquerda do recto do primeiro fólio há um carimbo de formato circular e tinta azul no qual é possível ler "Departamento do Arquivo do Estado - S. Paulo". No mesmo fólio, no canto superior direito, abaixo do despacho e entre a primeira e a segunda linhas do corpo do documento, há o seguinte código de identificação escrito em grafite cinza: "94-1-8". Logo acima deste, há a datação tópica "S. Carloz", escrita em tinta preta.
Tipo de documento
Requerimento
Autoria do documento
Secretaria de Governo da Capitania de São Paulo (SeGovSP)
Datação cronológica
{03/08/1820}
Arquivo
Arquivo Público do Estado de São Paulo (APESP)
Indexador na fonte
Fundo BR SPAPESP SEGOVC, Grupo 1G3 - Justiça, Petições. Pasta 1.1.617, Documento 94-1-8
Número de documentos
1
Perfil documental
Autora indireta
Detalhamento do perfil
Autora indireta de requerimento pedindo que as vendas de umas terras ao seu genro sejam desfeitas
Grafia conservadora do nome
Leonor deCamargo
Forma conservadora dos locais mencionados no documento
Sm. Paulo
Catalogado por
Andrea Cristina Natanael da Silva; Ananda Catharine Mota; Elisa Hardt Leitão Motta
Código
[0106]
Há uma menção à filha de Leonor, nomeada apenas como Maria.
https://map.prp.usp.br/Cat/0106.jpg
https://drive.google.com/drive/folders/1FtAUiNQAhCsyM61FIg1N4IhOdCPsV0tE
-47.890583,-21.9978875,0