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"text_1[sem título]" (author: , ) [ extensão: full, 3932 palavras ]

dominga[ s ] frez molher do Jiga

brasil

{ ii }

Baý

No 1281

proceſso de domingas frez
Cristaã velha molher de
gco alurez gigua preſsa no car
cere do ſancto officio nes
ta cjdade doſaluador

pareſçe que as culpas desta molher naõ mereciam
pr[ i ] saõ nẽ castgo [ j ] pelo sto offio [ e ] que foj grande
Rigor o quese usou comela

preſsa


O doutor hejtor furtado de mendoca ujsitador
do sancto officjo Mando a uos frco de gouuea
Merjnho doſancto officjo que prendais a do
mjngas frez molher de gco alurez giga mora
mdo d [ a ] priſaõ
dora nesta cjdade Junto do collejo deJesus
por culpas que contra ella tenho contra
nosa ſancta fee catolica obrigatorjas
a prjsaõ, et preſa eabom recado aentre
garejs ao alcajde d[ j ] go ao carcerejro da
cadea pubrjca desta cjdade, de que ſe fa
ra auto dentrega comprio aſsi ſem duuj
da alguã dado nesta bahia do ſaludor
a quatorze de setembro de mill e qujnhen
tos e nouenta e hum Manoelfrco Notarjo
do ſancto officjo nesta [ u ] jsitacaõ o escreuj

Mendoça


2

denũciaça[ õ ] g domĩgas frz

Aos noue dias do mes de ſetembro de mill e qujnhentos
e nouenta e hum annos nesta cjdade do ſal
uador capitanja da bahia detodos os ſanctos
nas casas da morada do ſenor hejtor furtado
de Mendoça visitador do ſancto officjo pera
nte [ e ] lle pareçeo ſen ser chamada pauloa de
ta
pina e por querer denuncjar Cousas tocantes
ao ſancto officjo recebeo Juramento dos
ſanctos euangelhos em que pos ſua maõ de
rejta ſob cargo do qual prometeo dizer em
tudo uerdade, e denuncjando diſse, ſer crjs
taã uelha natural de lixboa ujuua molher q
foj de diogo Roiz olejro defuncto de idade de
cjnquoenta et hum annos partejra m[ o ] ra
dora nesta cjdade denuncjando diſse que no
domjngo atras paſsado em que esteue naſse
penjtencjada Jsabel ramos mulata com
a uella na maõ açeſsa et mordaça na boça ella
denuncjante esteue preſente na ditta ſee eJunto
Re.
della estaua domjngas frez molher de gco alurez
giga uendedejra de marçenarja et regatarja
e que no tempo que puſeraõ a ditta penetenceada

apar


a par do cruzejro a ditta penjtenceada estaua
aſentada mais pera o corpo da Jgreja apar
das molheres e mandando lhe dizer o merjnho
do ſancto officjo que ſe ergueſe naõ ſe que
ria erguer epor ella naõ querer erguerſe nẽ
despois de ergujda tirar o manto o ditto
Merjnho e os mais fameliares doſancto offj.
cjo ſe chegaraõ aella dizendo lhe que tomaſse
com boa uontade a penjtencja et nisto a
ditta domjngas frez diſse, olhaj aquelles ho
mens q naõ parecem ſenaõ beliguis, queaſsi
estaõ todos ferrados nella, e [*]stas palauras
diſse com hum modo, como que naõ lhe pare
cja bem nẽ ella aprouaua aquella delljgentia
do ſancto officjo de porem aquella molher em
penjtencja, et ella denuncjante a[ re ] pre[ n ] deo dizen
lho que naõ podia dizer aquellas palauras e
que tudo aqujllo era mujto bem fejto e ſancto
e que ſe naõ podia dizer mal daquella penj
tencja nẽ daquella delligentia do merjnho
et fameliares do ſancto offjcjo, e que famjli
ares et mjnistros do ſancto officjo ſe cha
mauaõ et naõ beliguis e a ditta domjng

as frez


3

as frez, Jnda repetio que eraõ belegujs mas
com a ſua reprensaõ ſe calou, e ſendo pergun
tada pella fama e costumes da ditta domjgas
frez diz que he tida por cristam noua uelha
e que ueo de lixboa degradada por alcouejtejra
e que lhe uee fazer mostras de boa cristaã em
confeſ[ a ] r e comungar e do costume que ſaõ
amjgas et prometeo ter ſegredo, et referjo por
testa. a molher do capatro pirejra que mora de
fronte da ditta domjngas frez, e por naõ ſaber
aſignar eu Manoel frco notro aſeu rogo aſinej
cõ osor ujsitador Manoel frco, Notarjo do ſancto
officjo nesta ujsitaçaõ o escr[ e ] uej~

Mendoça Manoel frco


_


4


diz domingas frz pza na [ C ] adea desta ci
dade p[ o ] lo ſanto offiçio que ella a mtos dias
que esta na pzaõ mujto doẽte de moue
to segũdo lhe parese E sua casa pades
çe mujtas neçeçidades e auzencia de
la. .p. av. m. ha omRa da morte Epai
xaõ de noſoſnor Jhũ xpõ aja mia
com hela suppte E lhe de Remedio
asua ſoltura no que .R. Esm[ o ] la
E m.

Vto o q allega d[ é ] hũ f[ í ] el carçe
reiro qſe obrige entregalla preza
ese ajá por depositario de [ C ] em
#os pa por ella os pagar quãdo lhe for
mandado etraga estromto pco, e cõJsso
ſe lhe dará aprizaõ ẽſua casa.
25
ſetembro 91

Mendoça

Vto oestromto q apzenta em qſatisfaz
aome[ a ] deſpacho ſeja Entrege aoſeu
fiel carcereiro des piz – 26 setẽbro
1591

Mendoça


6


_


7


_


8

1ª ceſaõ

Aos dezojto dias do mes de setembro de mill
e qujnhentos et nouenta et hũ annos nesta
cidade doſaluador capitanja da bahia de
todos os ſanctos nas casas da morada do ſor
visitador hejtor furtado de mendoça per
ante elle pareçeo que mandou ujr perante
ſsi domingas frez molher de gco alurez uende
dejra moradora Junto do terrejro deJesus
a qual reçebeo Juramento dos ſanctos euan
gelhos em q pos ſua maõ et prometeo dizer
verdade, e ſendo perguntada ſe ſabe ou ſos
pejta quais ſejaõ ſuas culpas perque eſta
preſsa qtenha fejtas contra nosa ſancta
fee, ese tem que comfeſsar [ d ] ise q naõ lhe
lembra [ ne ] m entende perqueſeja preſsa
ſomente os dias paſsados ſabendo ella
que ho ditto ſeu marjdo pretendia ſer fa
m[ j ] liar dosancto officjo lhe diſse ella que
no cabo de ſua uelhiçe ſe querja fazer beli
guj mas que quando ella dise as dittas pala

uras


uras, naõ teue consideracaõ de desprezar o
ſancto officjo, e as dittas palauras dise ella
perante os padres manoel do couto et anto
[ V ] alasquez da companhia de Jesus e perante
manoel carualho et perante outras peſsoas
que lhe naõ lembraõ, e o ditto padre velas
que[ s ] a reprendeo e outroſsim lhe lembra que
auera dezaſeis annos em lixboa naRua de
ualuerde, ſendo ella casada com goncalo frez
ſeu primejro marjdo, cortador de carne
do açougue agasalhou das ſuas portas a
dentro huã molher per nome Jsabel da costa
natural de braga, molher qſabia leer et lia
por liuros espirituais, de idade que parecja
ſer de trjnta annos a qual chamauaõ beata
e ſe comfeſsaua todos os dias et cõmungaua
mujtas uezes et tinha mujta commonjcacaõ
com mujtos Relegioſos da companhia deJesus
desaõ Roque et de ſaõ domjngos ede noſa
ſenora dagraça e de ſaõ frco et [ M ] ujtas peſsoas
diſeraõ a ella Ree, p[ re ] ſsa que lancaſse fora

deſua


9

de ſua casa a dicta chamada beata porque fa
laua com os diabos e que os diabos acouta
uaõ e que estando ella huã uez em casa de
huã fidalga ao pee da calçada do carmo
viera pedir hum pobre esmola et man
dando se lhe dar a ditta Jsabel da costa ſe rio,
e dise que aquelle era o diabo, mas ella Ree
preſsa nunca lhe ujo falar com diabos nẽ
fazer cousas contra nosa ſancta fee somte
huã nojte estando na cama ouujo na cama
da ditta Jsabel da costa hum modo de bater
de que ella ſospejtou qserjam os diabos que
a acoutauaõ, e despois ella lancou deſua
casa a ditta Jsabel da costa a qual ſe casou cõ
bras diaz al jabebe e naõ ſabe ſe he cristaa no
u[ a ] e ſendo perguntada por que rezaõ naõ
ueo denuncjar isto aesta mesa, nos trjnta
dias em que era obrigada, respondeo q
naõ ueo por qlhe diſeraõ alguas peſsoas
q naõ era caso diſso pois naõ ſabia quẽ

ella


ella era nẽ onde estaua e por naõ dizer mais
foj pergunta ſe esteue ella ditta Ree, naſee
quando foj penetencjada alguã peſſoa pello
ſancto officio, respondeo que ſsim, quando
esteue Jsabel Ramos, perguntada ſe lhe pa
reçeo ella mal aquella penjtencja dada
pello ſancto officjo, et irem et estarem allj
presentes, o merinho, et fameliares da ſancta
Jnqujsicam e as mais Justicas, que estauaõ
authorjzando o[ d ] itto acto, respondeo que lhe
pareçe que por ueer algum famjliar allj
dilligente diſse olhaj aquelle beligujm co
mo ſe preza de beligujm, et estauaõ preſentes
que naõ ſabe ſe ouujraõ isto, Pauloa de pi
na e a molher do rebello defunto, e a filha e
outras peſsoas, perguntada, ſe ſabia ella
que admjnistrjçaõ daquelle acto da fee he
bo[ a ] et ſancta e honrrada respondeo
que ſim mas que naõ teue considiracaõ
quando diſse as diastas palauras et per
guntada que peſsoas ſaõ as que lhe Jnſinaraõ

a ade


10

a adeujnhar as cousas que estaõ por ujr res
pondeo, que nunca lhe njnguem tal emſi
nou, [ me ] m ellatalſabe, ne nunca tal usou,
perguntada qpeſsoas ſabe qfalaõ com
os demonjos et que quẽ lhe enſinou o modo
per que ſe falaa comelles, respondeo q naõ
ſabe de tal, nẽ usou tal, e que ella he boa
cristaã temente a deos, mas que por respej
to de ella ſer uendedejra e falar ag[ o ] stada
tem mujtos enemjgos et enemigas que po
deraõ falsamente testemunhar contra ella
.ſ. Jorge frez carnjcejro, et ſua molher Joana
mendez, e a torroa, et todas as vendedejras
desta cidade, e que pede ſe use com ella de
mujtta mjsiricordia e [ b ] reujdade em ſeu
despacho, porque esta prenhe et tem crj
anças, epor mais naõ dizer foj tornada
aprisaõ e eu Notarjo a seu rogo aſinej
por ella cõ o sor visitador Manoel frco


Notro do ſancto offiçio nesta visitaçaõ o escreuj

Manoelfrco

2ª çeſaõ

Aos quatorze dias do mes de ojtubro di mill
e qujnhentos e nouenta e hum annos nesta
cidade do sa[ L ] uador bahia detodos os ſanctos
nas casas da morada do ſenor ujsitador do
ſancto officio [ h ] ejtor furtado de mendoça per
ante elle pareçeo domjngas frez perante
elle digo preſsa pello ſancto officjo e reçebeo
Juramento dos ſanctos euangelhos em que
pos ſua maõ derejta ſob cargo do qual pro
meteo dizer emtudo uerdade e foj amoes
tada com mujta caridade que falle e descu[ s ]
bra toda uerdade de todas ſuas culpas, e
das que ſouber de qualquer outra peſoa por
que confeſsando e declarando tudo apro
uejtar lhe a mujto pera ſeu despacho e pera
ſe usar com ella de mjſiricordia et perdaõ

respondeo


11

respondeo [ ] naõ tem mais que dizer que o que
ditto tem e de ſua genelosia diſse que he cris
tã uelha natural de coimbra e crjada em
lixboa filha de Antonjo frez criado de fer
naõ dalurez portugual e de ſua molher ma
danella dias defuntos casada com gco alurez
ſeu prin [ d ] igo ſegundo marjdo cristaõ uelho de
idade de quarenta annos pouco mais ou menos
e tem em lixboa ujuo hũ Jrmaõ de ſua <mai> per no
me cristouaõ gllz portro da casa dos c[ o ] ntos
do Reyno tem duas prjmas com Jrmas frej
ras no al[ g ] uarue, filhas de hũ Jrmaõ de ſua
maj merjnho dos clerigos, e que tem duas fas.
ſabina do noue annos, et Justina de hũ anno
e [ q ] ue naõ tem outros primos nem parentes
que lhe lembrem, et foj perguntada que ſe
ella agora diz q naõ tem outros prjmos nẽ
parentes como agora pouco antes, nesta meſa
despois de ter jurado aos sanctos [ e ] uangelhos
de falar emtudo uerdade despois de ſer amo

estada


estada por elle ſenor ujsitador queatudo o que lhe
perguntase respondese na uerdade porque fazen
do o contrarjo ſeria grauemente castig[ a ] da pello
perjurjo perguntando lhe elle ſenor con que
peſsoas falou estando preſsa na cadea, ella lhe
respondeo que qua[*]to era gaspar manso mes
tre da urca fortuna que era ſeu prjmo eparente/
respondeo que porque antes de entrar nesta
meſa lhe diſse hum homẽ desta casa que ho ditto
gaspar manso ujndo aesta casa diſera que
era primo eparente della, ella ora pareçendo
lhe q naõ hia contra o ditto Juramento que
reçebeo ſimplexmente diſse nesta meſsa
que o ditto gaspar manso era ſeu primo e pa
rente mas que a uerdade he q elle naõ he ſeu
parente, et naõ tem com ella nenhũ parẽte[ ſ ] co
et nunca o ujo nẽ conheceo ſenaõ agora des
pois de elle ujr nesta armada em que tornou
mas que ella he boa cristaã bautizada ſegundo
ſua lembrança que ouujo a ſua maj em ſancta
Justa de coimbra, e que naõ ſabe nem nunca
ouujo que ſeu paj nẽ maj nem parente ſeu

foj preſo


12

preſo pella ſancta Jnquisiçaõ [ n ] em ella ſenaõ agora
e llogo ſe benzeo, e diſe o pater noster, et credo, et mã
damentos, e aue marja, e naõ ſoube dizer, ſalue
rainha, nẽ mandamentos da ſanct[ a ] madre Jgreja
nem os pe[ c ] cados mortais, [ n ] em os artigos da fee
e naõ ſoube mujto bem os mandamentos da lej
de deos e diſse que ella aprenderja mjlhor as dittas
oraçois e pedio que lhe deſem final despacho em
final e que pera iſso mandase fazer estes
autos conclusos, et uſase com ella de miſirjcor
dia porque detudo estaua mujto arependida
e por naõ ſaber aſinar eu notarjo aſeu rogo
aſinej cõ osor ujsitadore diſse q he costuma
da a confeſsarſe mujtas uezes, et he Jrmaã
das confrarjas, et Jrmãdades e faz esmolas,
Manoelfrco, Notarjo, do ſancto officio nesta
ujsitaçaõ o escreuj

Mendoça Manoel frco


E fejta a ditta audiencja elle ſenor
viſitador Mandou qlhe foſsem estes
autos concluſos como logo fiz Ma
noell frco notarjo do ſancto officjo
nesta ujsitaçaõ o escreuj

[ ]

Pareçeo nesta mesa qVistos eſtes Autos e as
qualidades das culpas da Re domingas frez
ſaja do carcere hũ domingo deſcalça em
corpo cõ a cabeça deſcuberta e cõ as maos a
leuantadas eaſſim esteja cõ huã vella
aceſſa em quãto ſe celebrar o officio diuino
da miſſa, [ N ] a ſee e em publico na dita
ſe faca abjuraçaõ de leui e ſeja aſſim
tornada ao carcere donde pague quinze
cruzados pa as despezas do ſacto offiçio
e reſpeintadoſe a ſer molher <.x.ua> e a outras
consideraçois qſe tiueraõ [ U ] sem cõ ella


13

de miſerícordia escusãdo a de mais
condenaçaõ e qſe lhe jmponhaõ
p[ oe ] nitencias eſpirituais, e pague
as cuſtas [ n ] o ſaluador a 25 de
Octro de 91.

Heitor furtado de mendoça Marçal Bellia[ r ] te
LujsdaFonseca

Aſistio por ordinarjo no despacho deste
proceſso osor ujsitador hejtor furtado
de mendoça por comjſsaõ dosor Bispo
dom Antonjo barrejrros Bispo deste
estado, o qual por ter mujtas ocupacois
lhe mandou de ſua letra pera aſestir
em ſeu nome no despacho de todos os
proceſsos q despachaſem em a meſa
aos ujnte e cjnquo dias de ojtubro
deste anno da qual comjſaõ eu
Manoelfrco Notro dou mjnha fee que
[ a ] uej et lej Manoel frco Notarjo do


ſancto officjo nesta ujsitacaõ o escreuj

Manoel Frco


14

[ ſ ] entença

Acordaõ o ujsitador do sancto offjcio, ordjna
rjo, e A ſseſso[ r ] es que uisto estes autos et cõ
fiſsois de domingas frez, cristaã uelha uen
dedejra natural da cidade de coimbra mo
lher de goncalo alurez giga moradora nesta
cidade Re. preſsa que preſente esta, mostra
ſe que no domjngo em que Jsabel Ramos
esteue na ſee em penjtencja pubrica por rom
per o segredo do ſancto officjo manjfestando
certas culpas antes de as ujr denuncjar e
por cahir em perjurjo manjfestando o que
denuncjou nesta meſa/ ella Re ſe achou pre
ſente na ſee/ e uendo estar a dicta penjten
ciada na ditta penjtencja/ e uendo ao merj
nho et famjliares do ſancto officjo chegarem
a dicta penjtencjada amoestando a que es
tiueſse na forma que ſe lhe mandaua como
deuja obedecendo ao despacho da ſancta Jnquj
ſicam/ ella .Re. domjngas frez desdanhou


do dicto acto de penjtencia et com palauras Jn
iuriosas contra o merjnho et fameliares
do ſancto officjo, et com menéos et gejtos de
desprezo/ deu mostras mujto claras de lhe
naõ pareçer bem nẽ aprouar aquella penj
tencja dada pello ſancto officjo a dicta
penjtencjada/e aquella deligencia dos di
ttos officiais/ e foj reprahendida logo per
alguas peſsoas que perto della estauaõ di
zendo ſe lhe que aquella penjtencja e dellj
gencia tudo era muj bem fejto e ſancto et
ella naõ podia dizer mal daqujllo/ eaJnda
ſobre iſso ella repetio et perſeuerou nas
dittas mostras de lhe naõ pareçer bem a dita
penjtencja et delljgentia da ſancta Jnquj
ſsicam;// mostrase tambem que ſendo
a ditta .Re domingas frez obrigada ujr nos
trjnta dias do monjtorio geral denun
ciar aesta meſa quaisquer culpas queſou
beſse, de qualquer peſsoa aſsim de ujsta
como de ouujda <sobe pena de ſe proceder como cõtra soſpeita na fee> sabendo ella mujto bem Jsto,
e que huã certa peſsoa com quem ellatinha

mujta


15

Mujta conuerſaçaõ deziam falaua com os
demonios, e que conheçja os diabos quan
[ n ] do ſe faziam em figura de homen
e que os diabos a acoutauaõ, e [ S ] [ e ] nt[ j ] do
ella huã nojte a dicta peſsoa de tal ma
nejra que lhe pareçeo estar cõ os diabos
e que os diabos aestarjam acoutando,//
Contudo ella Re domjngas frez naõ
ueo denuncjar nem declarar [ n ] esta
meſa nada disto que ſabia.// Mostraſe
mais que recebendo a ditta .Re. domingas
frez nesta meſa o juramento dos ſanctos
euangelhos pera dizer entudo uerdade
e ſendo amoestada que entudo diſeſse
uerdade porque naõ ofazendo aſsim
ſerja bem castigada pello perjurjo
ella afirmou que huã certa peſsoa
era ſua prjma eparenta, et consta que
a ditta peſsoa naõ tem com ella .Re. ne
nhuã rezaõ de ſangue nem parentesco//
e ſabendo ella isto de çerto ſomente por fa

zer


zer ao ſeu propoſito, Jurou falso nesta meſa,
afirmando ſer a dicta peſsoa ſua prjma
e parenta naõ oſendo// as quais culpas to
das a dicta .Re. domjngas frez cometeo
em notauel offenſa de deos noso sor,
mostrando pouco temor delle epouca re
uerencja a esta meſsa do ſancto officjo.//
E Ajunta ſe lhe mais que ſendo pergunta
da nesta meſa pella doutrjna cristaã, naõ
ſoube dizer a ſalue rainha, nem os man
damentos daſancta madre Jgreja, nẽ
os peccados mortais, nem ſoube bem os
Mandamentos da lej de deos.// O que tudo
[ uis ] e o mais que dos autos consta maõ
daõ que aRe. em pena et penjtencja de
tan graues culpas ſeja leuada hum do
mjngo a ſee em corpo com a cabeca des
cuberta eaſsim esteja em pee emquanto
ſe ſçelebrar o officjo deujno da mjſsa cõ
huã uella aceſa na[ s ] maos aleuantadas,
e em pubrjco na ditta ſee faça a[ b ] juraçaõ


16

çaõ de leuj ſospejta na fee, e aſsim ſeja
tornada ao carçere donde pague
qujnze cruzados pera as despeſas
do ſancto officio/ e ſeja absolutada
excomunhaõ major em que em co
rreoʌ <In forma ecclesia>//et respejtandoſse aella ſer mo
lher et cristaã uelha e a outras conſi
deraçois que ſe tiueraõ, a escuſaõ
das mais penas que por rigor de de
rejto merecja, et uſaõ com ella de
mujta mjsiricordia, e despois de ſol[ t ] a
comprira mais as penjtencjas [ e ] spiritu
ais ſeguintes/ em tempo de hum anno
confeſsarſea as quatro festas prjncj
pais, do Natal, pascoa, spirjtu ſancto,
et Nosa senora de agosto/ et tomara o ſan
Ctiſsimo ſacramento cõ conſelho do ſeu
cõfeſsor/ e no ditto anno Jejuar[ a ] a qujnze
ſestas fejras a honra da morte epajxaõ
de noſo ſenor Jhũ xpõ/ aprendera as


as oraçois et doutrjna cristaã/ et pague as
Custas dada na meſa daſancta Jn
qujsiçaõ nesta cjdade dosaluador
aos ujnte e cjnquo dias do mes de
ojtubro de mill e qujnhentos e nouẽta
e hum annos

Heitor furtado de mendoça

foj pubrjcada esta ſentença atras a Re
nesta ſ[ e ] e aos vinte eſete dias do mes
de ojtubro de mill e qujnhentos e nouẽ
ta e hum annos na ſee desta cidade
em prezença della Ree pello padre coad
jutor da ditta ſee estando preſente
o sor visitador Manoel frco Notarjo
do ſancto officjo nesta visitaçaõ o es
creuj e na ditta ſee no ditto dia fez a ditta
re a[ b ] juracaõ de leuj na forma ſegujte
osobre ditto o escreuj


17

Abjuraçaõ de leuj

Eu domjngas frez cristaã uelha perante uos sor
Visi<ta>dor juro nestes ſanctos euangelhos em que
tenho mjnhas maõs que de mjnha proprja
e liure uontade anathematizo e aparto de
mj toda a especja de heresia, e apostasia qfor
ou ſe aleuantar contra nosa ſancta fee catho
lica especjalmente estas que aguora em
mjnha ſentença me forã lidas as quais aquj
ej por expreſas e declaradas de que me ouuerã
por de leuj ſospejta na fee e juro de ſempre
ter e guardar a sancta fee catholica q tem
e emsina a ſancta madre Jgreja de Roma
e que ſerej sempre mujto obediente ao noso
mujto sto padre papa ora presidente na Jgreja
de Roma et a ſeus suceſsores et confeſso q todos
os q contra esta ſancta fee catholica vierem
ſam dignos de condenaçaõ et prometo de Nunca
cõ elles me aJuntar e de os perſegujr e descobrir
as heresias que delles ſouber aos Jnqujsidores
ouujsitadores et prelados da ſancta madre Jgreja


et juro et prometo quanto em mj for de comprir a
penjtencja que me h[ e ] jmposta e ſe contra isto
ou parte dell[ o ] en algum tpõ ujer ( o que deos naõ
permjta ) caja na pena que per derejto ental
caso mereçer e me ſobmeto a ſeu[ e ] rjdade et co
[ r ] rejçaõ dos ſagrados canones et requejro ao
Notarjo do sto officjo que disto p[ a ] se estromento
e aos que estaõ preſentes ſejam testas. e aſinẽ
aquj por mj e aſinaraõ aquj que esti
ueraõ atudo preſentes comjgo no
tarjo frco de gouuea merjnho do ſancto
offjcjo et Aluaro de villas boas alc[ aj ]
de do carçere e frco ferrejra portro da cas[ a ]
d[ o ] despacho Manoel frco Notarjo do ſancto
[ o ] fficjo nesta ujsitacaõ o escreuj

Manoel frco
† †
Alurodeuilas boas [ * ] Frco de gouuea
[ Frco ] Frco Fra