Ana Teresa Salter de Mendonça | ATSM_03
Edição modernizada


"ATSM_03" (author: Ana Teresa Salter de Mendonça, Desconhecido) [ extensão: full, 364 palavras ]

Meu querido irmão e amante do coração.
Neste estimo a sua saúde como quem tanto nela
se interessa.

Ontem se decidiu felizmente
a questão da Misericórdia e esta manhã já se
faz a escritura, por isso Gonçalo Coelho não
escreve a Vossa Senhoria e se recomenda afetivo.
A mesa
tomou este negócio como seu.
Avisou-se
a todos os definidores.
Gonçalo Coelho falou-lhes
e mostrou o seu papel, a que nada duvidaram.
João Malheiro propôs, o nosso letrado explicou-o.
Enfim votaram e, sendo alguns
vinte,um voto tivemos contra e nenhum
questionou o ponto, à exceção de Manoel Pedro.
A coisa ainda saiu melhor do que cuidávamos,
porque a escritura foi feita a 4//2/
por. C.
Apareceu um assento que muitos anos


se tinha feito, em que se tinha decidido em
Cabido Geral em que se não levaria juros dos
217$310 réis, não obstante estarem metidos
em capital e que só se pagaria esta quantia
como juros.
Nunca se viu definitório tão
aplaudido, os mesmos irmãos de menor estavam
prontos a amostrarem o seu voto e muitos
vieram dar-me os parabéns.
Os da mesa
e o provedor João Malheiro, a quem eu peço a Vossa Senhoria
escreva a agradecer, e ao procurador, e escrivão
pode ele mesmo fazê-lo da parte de Vossa Senhoria.
Os
definidores foram o irmão de Manoel de
Souza da Laje, Gaspar Malheiro, Pedro
Marinho, irmão do Pestrelo, Nicolau Barreto,
que estando intrigado com João Malheiro mesmo
por coisas da Misericórdia, apareceu


mostrando o prazer com que se achava em concorrer
para um negócio que pertencia a coisa
de Vossa Senhoria. O nosso beneficiado, o mesmo, vários habitantes
e et cetera.
Assim se concluiu um dos mais tristes
artigos que se questionava, sem se ter dado
um só real 30 anos, sendo a primeira vez
que a Misericórdia aceita primeiro o capital, antes
de se terem pagos os juros.
Se Vossa Senhoria quiser escrever
a Nicolau Barreto para agradecer aos mais,
fará o que lhe parecer mais acertado.
E para
servir a Vossa Senhoria fica esta sua

irmã obrigadíssima e amante,

Ponte de Lima,
8 de maio de 1798.

Ana.