O juiz ordinário respectivo, Ilustríssimo e excelentíssimo senhor,
procedendo às averiguações necessárias,
defira ao re[querimento] [da] [suplicante] [com] [justiça].
São Paulo, em 16 de D[ezembro] de 1816.
[*]

Diz Mecia das Neves, moradora do termo da vila de Jundiaí, que sendo Salvador Cardozo
morador vizinho da suplicante, e intentando este mudar a sua situação para o termo da vila de Mogi-
Mirim, na ocasião desta mudança pediu à suplicante um cavalo em[p]prestado para o seu transporte,
o qual a suplicante por compaixão lho emprestou, porém com condiçã[o] do suplicado lho
remeter dentro em quinze dias, e tendo-se decorrido mais de um ano, não é possível
o suplicado querer fazer entregue à suplicante do predito cavalo, o qual estima a suplicante em
vinte mil réis, além de oito mil novecentos, e sessenta réis em dinheiro, produto de alguns
móveis que antecedentemente lhe tinha comprado, sem embargo das grandes instâncias que
a suplicante tem feito, além da nímia pobreza em que se acha. É provável esta renitência
ser fundada no conhecimento que o suplicado tem de que como a suplicante é uma miserável
viúva, com duas famílias detenra idade, e na indigência de não poder obrigá-lo
pelos meios de justiça, por isso conta como de certo usurpar-lhe o dito cavalo, e levantar-se
igualmente com aquela quantia de 8.960 réis. E, à vista do expendido, considera
a suplicante a maior indigência com este prejuízo. Porém, lembrando-se da reta justiça
de Vossa Excelência, a qual costuma praticar com os miseráveis da natureza da suplicante, a
ella - como seu único refúgio - se recorre, e

Pede a Vossa Excelência se digne mandar que o capitão-mor do distrito do suplicado,
ou outra qualquer autoridade do mesmo, [averiguando] a
verdade expendida, obrigue o suplicado, a entregar
à suplicante o predito cavalo, ou os vinte mil réis em o
que a suplicante o estima, e juntamente aquela quantia de 8.000 réis
atendendo a nimiedade da pobreza, e não poder
contender justiça, ou plei[tear] contra o suplicado

Espera receber mercê